terça-feira, 29 de novembro de 2011

OMM aponta 2011 como ano mais quente com ocorrência de La Niña


O ano de 2011 será o mais quente com a ocorrência do fenômeno La Niña já registrado, aponta relatório preliminar lançado nesta terça-feira (29) pela Organização Meteorológica Mundial (OMM, na sigla em inglês), ligada à ONU.
O documento foi apresentado na Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP 17), em Durban, na África do Sul.
“ La Niña tem um efeito de resfriamento. Ainda assim, 2011 aparece como o 10º ano mais quente já registrado “, explicou o vice-secretário-geral do organismo, Jerry Lengoasa. La Niña é um evento climático cíclico em que as temperaturas superficiais do Oceano Pacífico caem. A temperatura do ar na altura da superfície do solo e do mar, nos primeiros dez meses de 2011, ficou 0,41 grau acima da média registrada no planeta entre 1961-1990.
Enchentes Missouri 2 (Foto: Lane Hickenbottom / Reuters)Enchente no estado americano do Missouri. (Foto: Lane Hickenbottom / Reuters)
 
 
Este ano deve ficar entre os dez mais quentes de que se tem registro. Assim, dos 15 anos mais quentes conhecidos, 13 ocorreram entre 1997 e 2011.
Outro sinal de que este ano não fugiu da tendência de aquecimento do planeta é que a calota polar ártica teve seu segundo menor tamanho já registrado durante o verão boreal. Na mínima deste ano, em setembro, havia 35% menos gelo na região ártica do que na média dos anos 1979-2000. “Vai haver uma perda significativa, não dá para dizer completa, mas signifitcativa”, respondeu Lengoasa ao ser quetionado sobre um possível desaparecimento total do gelo no norte do planeta.
Os anos em que ocorre La Niña costumam ser mais frios que aqueles que o precedem e seguem. Este padrão se repetiu em 2011, que está sendo mais frio que o ano passado, mas já num patamar acima do que se registrava anteriormente.
As enchentes do Rio de Janeiro foram consideradas o pior “evento único” deste ano no relatório da OMM, pela sua alta letalidade, causando a morte de centenas de pessoas em poucos dias.
“O Brasil registrou este ano grande quantidade de deslizamentos, que mataram muitas pessoas. Foi um dos piores desastres de causas naturais que o país já teve. Isso se deve ao aumento das chuvas. E claro que, com esse aumento, se esses eventos de grande precipitação continuarem como uma tendência, as pessoas mais vulneráveis estarão mais expostas”, disse ao G1. “Não só no Brasil. Houve outras partes atingidas por enchentes na América do Sul, como o Equador”, ressaltou.
Jerry Lengoasa vê como preocupante a situação das pessoas mais expostas aos fenômenos climáticos. (Foto: Dennis Barbosa/G1)Jerry Lengoasa vê como preocupante a situação das pessoas mais expostas aos fenômenos climáticos.
Outros eventos climáticos severos foram registrados ao redor do planeta este ano, como a grave seca no leste da África e as enchentes no Sudeste Asiático. Os Estados Unidos perderam mais de US$ 1 bilhão em 14 ocorrências meteorológicas extremas, como seca no sul, incluindo o estado do Texas, e enchentes no norte, aponta a OMM. O país teve ainda uma grande quantidade de tornados. Em maio, no estado de Missouri, foram 157 mortes causadas pelos ventos, no tornado mais letal desde 1947.
O Canadá registrou algumas de suas piores enchentes também, indica a OMM
Q que é la niña? 

O fenômeno La Niña, que é oposto ao El Niño, corresponde ao resfriamento anômalo das águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial Central e Oriental formando uma “piscina de águas frias” nesse oceano. À semelhança do El Niño, porém apresentando uma maior variabilidade do que este, trata-se de um fenômeno natural que produz fortes mudanças na dinâmica geral da atmosfera, alterando o comportamento climático. Nele, os ventos alísios mostram-se mais intensos que o habitual (média climatológica) e as águas mais frias, que caracterizam o fenômeno, estendem-se numa faixa de largura de cerca de 10 graus de latitude ao longo do Equador desde a costa peruana até aproximadamente 180 graus de longitude no Pacífico Central. Observa-se, ainda, uma intensificação da pressão atmosférica no Pacífico Central e Oriental em relação à pressão no Pacífico Ocidental.
A velocidade dos ventos aumenta a intensidade da Célula de Walker, isto provoca mais chuva no Sudeste Asiático e no norte daOceania e secas na costa oeste da América do Sul, pois impede a convecção do ar.
Outros nomes como "El Viejo" ou "anti-El Niño" também foram usados para se referir a este resfriamento, mas o termo La Niña ganhou mais popularidade. Os principais efeitos de episódios do La Niña observados sobre o Brasil são:
  • Passagens rápidas de frentes frias sobre a Região Sul;
  • Temperaturas próximas da média climatológica ou ligeiramente abaixo da média sobre a Região Sudeste, durante o inverno;
  • Chegada das frentes frias até a Região Nordeste, principalmente no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas; * Tendência às chuvas abundantes no norte e leste da Amazônia; Possibilidade de chuvas acima da média sobre a região semi-árida do Nordeste do Brasil;
  • Chuvas muito acima da média no leste dos estados da Região Sul, estiagem no Oeste destes estados e no Paraguai.
Em geral, um episódio La Niña começa a desenvolver-se em um certo ano, atinge sua intensidade máxima no final daquele ano, vindo a dissipar-se em meados do ano seguinte. Ele pode, no entanto, durar até dois anos. Sua intensidade é tão forte que os episódios La Niña permitem, algumas vezes, a chegada de frentes frias até à Região Nordeste notadamente no litoral da Bahia, Sergipe e Alagoas, e na Região Norte principalmente Rondônia e Acre.Consequências

Consequências

Entre os meses de Dezembro e Fevereiro:
  • Aumento das chuvas na região nordeste do Brasil; principalmente no setor norte, a qual corresponde os estados do Maranhão, Piauí, Ceará e oeste do Rio Grande do Norte
  • Temperaturas abaixo do normal para o verão, na região sudeste do Brasil;
  • Aumento do frio na costa oeste dos Estados Unidos;
  • Aumento das chuvas na costa leste da Ásia;
  • Aumento do frio no Japão.
Entre os meses de Junho e Agosto:
  • Inverno árido na região sul e sudeste do Brasil;
  • Aumento do calor na costa oeste da América do Sul;
  • Frio e chuvas na região do Caribe (América Central);
  • Aumento das temperaturas altas na região leste da Austrália;
  • Aumento das temperaturas e chuvas na região leste da Ásia.

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