sábado, 10 de março de 2012

A ESA pretende mapear 1 bilhão de objetos na Via Láctea com câmera de bilhões de pixels


  A Agência Espacial Europeia, através da missão Gaia, agendou para o próximo ao o objetivo de mapear as posições paralaxes e movimentos em torno de um bilhão de objetos na Via Láctea.
  Para algo tão grandioso será necessário uma câmera com bilhões de pixels com 2,5 vezes a quantidade de sensores do Telescópio Especial Kepler, da NASA, criada pela empresa britânica E2V de tecnologia especializada.
  A E2V cria sensores especializados para a NASA e ESA desde o início de 1990, no entanto, é a primeira vez que a empresa terá o desafio de construir na missão Gaia um número tão grande de sensores.
  Cada sensor produzido ela E2V terá 1.966 X 4.500 pixels e medidas de 4,7 X 6 cm, sendo mais finos que um fio de cabelo humano. A empresa estima colocar 106 sensores dispostos em um mosaico que pode variar de 0,5 a 1 metro formando a câmera de bilhões de pixels.
Os sensores são sensíveis a freqüências de luz através de todo o espectro ( a partir de 400nm a 1000nm), com estruturas especiais para maximizar as extremidades azuis e vermelhas. Os pixels utilizados nos sensores são de 10 e 20 mícrons em tamanho, em comparação com os pixels de um sub-mícron utilizados na tecnologia dos consumidores domésticos. Isso significa que eles são 100 vezes mais sensíveis, de acordo com Jon Kemp, do que seus aparelhos eletrônicos que você tem em casa.
Os sensores serão utilizados para controlar as posições de cerca de 1 bilhão de estrelas no espaço, traçando seu brilho e rastreando seus movimentos. Isso ainda é 1% apenas das estrelas da Via Láctea, mas é 1.000 vezes mais do que os telescópios do satélite Hipparcos da ESA consegue observar.
Os sensores serão capazes de detectar objetos 4.000 vezes o limite do olho nu com precisão de 24 microssegundos de arco. Isso é comparável a medição do diâmetro de um fio de cabelo humano se estivesse a 1.000 km de distância. Isso significa que a nova câmera será capaz de medir as distâncias de nossas estrelas mais próximas com uma precisão de 0,001%.
Os dados são susceptíveis em nos ajudar a entender melhor as origens da nossa galáxia, bem como confirmar nossas teorias de formação e evolução estelar. Gaia será capaz de identificar quais as estrelas são relíquias de galáxias menores que foram engolidas há muito tempo pela Via Láctea. Ao olhar para o movimento de estrelas em larga escala, seremos capazes de detectar a distribuição da matéria escura, a substância hipotética que acreditamos ser a responsável por “segurar” as galáxias juntas.
Gaia também conseguirá medir a curvatura da luz das estrelas pelo campo gravitacional do Sol, como previsto por Einstein em sua Teoria da Relatividade Geral. É provável que também encontremos exoplanetas muito mais distantes que a missão Kepler da NASA.Os dados serão transmitidos para a Terra com uma taxa de 5 Mbps a partir de uma distância de 1,5 milhão de km. Estações terrestres na Espanha e Austrália irão interceptar o sinal:
Muitas missões espaciais anteriores seguram os dados e depois enviam em rajadas curtas. No entanto, Gaia não poderá ter o luxo de guardar informações, e todos os dados gerados terão que ser transmitidos constantemente para a Terra”, explica Kemp.
O satélite Gaia será lançado no verão de 2013, irá viajar 1,5 milhão de km da Terra e, sem seguida, começar a coletar dados à medida estiver girando. Ele irá acompanhar cada uma das suas estrelas-alvo durante um período contínuo de 5 anos.

Explosão solar captada pelo Observatório Solar Dynamics (SDO)


sexta-feira, 9 de março de 2012

Novo microscópio eletrônico enxerga um décimo do diâmetro de um átomo



Microscópio eletrônico pticográfico faz imageamento difrativo
A imagem maior mostra o zoom que o microscópio pticográfico permite fazer na imagem vista no canto superior. É possível ver detalhes com 0,236 nanômetros. 


Microscópio pticográfico
Pesquisadores da Universidade de Sheffield, no Reino Unido, afirmam ter descoberto uma forma de "revolucionar a microscopia eletrônica".
O professor John Rodenburg e sua equipe apresentaram uma técnica, chamada pticografia, que poderá criar as imagens de mais alta resolução já vistas.
"Nós demonstramos que podemos aumentar o limite de resolução de uma lente eletrônica por um fator de cinco. Uma extensão do mesmo método deverá alcançar a mais alta resolução já obtida em imagens por transmissão, cerca de um décimo do diâmetro de um átomo," afirma o pesquisador.


Observação de amostras vivas
A técnica é aplicável a microscópios que utilizem qualquer tipo de onda e tem outras vantagens sobre os métodos convencionais.
Por exemplo, quando usada com luz visível, a nova tecnologia gera um tipo de imagem que permitirá que os cientistas vejam células vivas muito claramente sem a necessidade de estampá-las em lâminas de vidro, um processo que geralmente mata as células.
O novo método também dispensa a necessidade de colocar uma lente muito próxima de uma amostra viva, o que significa que as células poderão ser vistas através de recipientes grossos, como placas de Petri ou frascos.
Assim, as amostras poderão ser acompanhadas à medida que se desenvolvem e crescem durante dias ou semanas, sem que as observações perturbem o processo natural.


Imagens borradas
Há décadas, os microscópios de transmissão eletrônica têm permitido que os cientistas olhem através de um objeto para estudar suas características atômicas internas.
Sua maior limitação tem sido a qualidade relativamente "pobre" das lentes que são usadas para formar as imagens.
"Uma imagem eletrônica ou de raios X típica é cerca de 100 vezes mais borrada do que o limite teórico imposto pelo comprimento de onda," conta Rodenburg.
Microscópio eletrônico pticográfico faz imageamento difrativo
As imagens pticográficas representam uma espécie de imageamento refrativo, que produz a imagem medindo as ondas que se espalham da superfície da amostra que está sendo observada.

Pticografia eletrônica
A nova técnica é chamada de pticografia eletrônica, uma espécie de imageamento difrativo.
Sua grande vantagem é a eliminação da lente, com a imagem sendo formada usando programas de computador para reconstruir as ondas de elétrons que se espalham quando passam pela amostra.
"Nós medimos padrões de difração, e não imagens. O que nós gravamos equivale à intensidade das ondas - de elétrons, de raios X ou de luz - que foram dispersadas pelo objeto, o que é chamado de 'intensidade'," explica o pesquisador.
"Entretanto, para formar uma imagem, nós precisamos saber quando os picos e vales das ondas chegam no detector, ou seja, sua fase. O x da nossa descoberta foi desenvolver uma forma de calcular a fase das ondas partindo unicamente de sua intensidade," completa.
O que o programa de computador faz é, ao receber a informação do detector, reconstruir o caminho da onda difratada, identificando as características precisas do objeto que geraram seu espalhamento.
Isto permite uma resolução inédita, porque elimina qualquer aberração antes causada pelas lentes.

NASA ativa primeiro posto de combustível espacial




NASA ativa primeiro posto de combustível espacial.
O módulo RRM (Missão de Reabastecimento Robótico), já agarrado pelo Dextre, antes de ser instalado em sua plataforma permanente.

Posto-laboratório
A NASA acaba de colocar em operação o primeiro posto de combustível espacial.
Os astronautas a bordo da Estação Espacial Internacional ativaram a tão esperada missão RRM (Robotic Refueling Mission, ou missão de reabastecimento robótico).
A seguir, ela foi controlada remotamente pelos operadores em terra.
O "posto espacial" é uma estação experimental localizada do lado de fora da Estação e operada pelo robô espacial Dextre.
Na verdade o chamado posto espacial é um laboratório, ainda não é capaz de abastecer um satélite de verdade.
O objetivo dos testes é desenvolver as tecnologias, ferramentas e técnicas para permitir missões de reabastecimento robotizado de satélites artificiais em operação.
Robô espacial
Esta é a primeira vez que o Dextre, fabricado pela Agência Espacial Canadense, é usado para os objetivos principais para os quais ele foi projetado, ou seja, para apoiar experimentos científicos e tecnológicos.
Durante os testes, engenheiros no Centro Espacial Johnson controlaram remotamente o Dextre para retirar as "tampas do tanque de combustível" normalmente usadas em satélites - as tampas são simulações montadas dentro do módulo RRM.
Depois de tirar a tampa com sucesso, os engenheiros fizeram o reabastecimento e simularam diversas outras situações, incluindo a manipulação de peças dentro do módulo.
O rack possui peças dos tipos mais comuns de satélites artificiais em operação, a maioria dos quais não foi projetada tendo o reabastecimento espacial em mente.
Abastecimento robótico
O módulo RRM continuará sendo usado nos próximos dois anos para demonstrações e testes de técnicas e ferramentas.
O objetivo final é usar o conhecimento obtido para desenvolver naves autônomas que possam ir ao espaço levar combustível para satélites que estejam ficando com o tanque vazio, o que normalmente significa o fim de sua vida útil.

Tempestade solar que atingiu a Terra cria aurora boreal no Canadá


A maior tempestade solar em cinco anos a atingir a Terra pode ter causado preocupação, mas também provocou cenários espetaculares pelo mundo. A enorme onda de radiação na atmosfera criou um brilhante show da aurora boreal perto de Yellowknife, no Canadá, na quinta-feira (8). (Foto: The Canadian Press / Bill Braden / AP Photo)
A maior tempestade solar em cinco anos a atingir a Terra pode ter causado preocupação, mas também provocou cenários espetaculares pelo mundo. A enorme onda de radiação na atmosfera criou um brilhante show da aurora boreal perto de Yellowknife, no Canadá, na quinta-feira (8). 
Caminhoneiros que regressavam das minas de diamantes que ficam na região puderam apreciar o fenômeno de perto, durante o período noturno, a partir de uma estrada de gelo numa área de grandes lagos. (Foto: The Canadian Press / Bill Braden / AP Photo)Caminhoneiros que regressavam das minas de diamantes que ficam na região puderam apreciar o fenômeno de perto, durante o período noturno, a partir de uma estrada de gelo numa área de grandes lagos

quinta-feira, 8 de março de 2012

Experimento leva à medição de propriedades de antiátomos


Um grupo internacional de pesquisadores, com participação brasileira, mediu pela primeira vez as propriedades de átomos de antimatéria.
O feito é impressionante por duas razões: a primeira é que antiátomos não são encontrados na natureza e precisam ser fabricados.
A segunda é que eles precisam ser mantidos sem contato algum com matéria convencional, sob pena de se transformarem em energia pura e desaparecerem.
O resultado, publicado no periódico científico britânico "Nature", é o primeiro passo para desvendar definitivamente por que nosso Universo é todo feito de matéria, não de antimatéria.
PEQUENAS DIFERENÇAS
Os cientistas acreditam que o Big Bang --evento gerador do Cosmos como é conhecido hoje, ocorrido 13,7 bilhões de anos atrás-- não tinha preconceitos: produziu partículas de matéria e antimatéria sem fazer distinção.
Faz sentido, até porque as antipartículas nem são assim tão diferentes de suas contrapartes convencionais. Exemplo: o antipróton é igual ao próton, exceto pela carga. Enquanto o primeiro tem carga negativa, o segundo é positivo. Mesma coisa para o antielétron, também conhecido como pósitron: ele é em tudo similar ao elétron, mas com carga invertida.
Um resultado de a antimatéria ser essa versão "espelhada" das partículas com que estamos familiarizados é o fato de que, quando elas colidem, ambas se aniquilam mutuamente, na forma de energia.
Foi exatamente o que aconteceu logo no princípio da vida do Universo: partículas e antipartículas colidiram e produziram toneladas de energia. Mas, se todas se aniquilaram mutuamente, como estamos aqui?
Por sorte nossa, matéria e antimatéria são extremamente similares, mas não idênticas. Por conta disso, no Big Bang, um excedente modesto de matéria foi criado.
Quando o pau comeu solto entre partículas e antipartículas, ainda sobrou um pouquinho das primeiras --o suficiente para fabricar tudo que vemos hoje no Cosmos, incluindo nós mesmos.
É em busca da identificação dessas sutis diferenças que os cientistas trabalham com afinco em laboratórios de física de partículas pelo mundo afora.


CAPTURA E LEITURA
O grupo do experimento Alpha, instalado no Cern (grande centro europeu de física de partículas), tem trabalhado consistentemente nesse esforço. Seu primeiro grande feito foi demonstrar que conseguiam fabricar e aprisionar antiátomos.
Prender um antipróton, com sua carga negativa, é relativamente simples, uma vez que campos magnéticos positivos (repelentes) podem retê-los sem que eles toquem em nada feito de matéria.
Contudo, quando você coloca um pósitron para girar ao redor dele --formando um antiátomo completo de hidrogênio--, as coisas ficam bem mais complicadas. A carga do pósitron compensa a do antipróton, e a manipulação via campos magnéticos se torna um desafio bem maior.
Essa foi a primeira vitória do grupo: conseguir capturar o anti-hidrogênio. Negócio delicado. A cada 6.000 antiátomos fabricados, apenas um é capturado. O sucesso no aprisionamento, mantido por mais de dez minutos uma vez feito, já havia sido reportado no ano passado.
O grande novo avanço foi a capacidade de medir as propriedades desse átomo em duas condições distintas.


ÁTOMOS EM FUGA
Com o auxílio de micro-ondas disparadas na direção da armadilha, os cientistas faziam com que uma das propriedades do pósitron (o spin) mudasse. Isso tornava a captura impossível, e o antiátomo fugia da armadilha, colidindo com um detector.
Os pesquisadores então contrastaram essa medida obtida com uma similar, feita quando o átomo, em seu estado capturado, era "liberado" da armadilha. Assim, puderam comparar as características em um e outro estado.
Os resultados revelaram o que se esperava uma semelhança extrema entre o anti-hidrogênio e sua contraparte feita de matéria convencional. Mas é só o começo, alertam os cientistas.
"Essas medidas de micro-ondas são de baixa precisão", afirma Claudio Lenz Cesar, físico da UFRJ que participou do experimento. Além dele, Daniel de Miranda Silveira, também da UFRJ, fazia parte da equipe internacional.
"Para a rodada deste ano, que começa em maio, estamos desinstalando todo o equipamento antigo e vamos instalar o novo, para tentar a interação dos antiátomos com laser", revela Cesar. "Aliás, o laser está sendo desenvolvido no Rio."
Com ele, será possível aumentar radicalmente a precisão --em 100 milhões de vezes, para se ter uma ideia. "Aí já vai dar para colocar novos limites, por exemplo, na comparação da massa do pósitron com a do elétron", diz.
Contudo, as maiores surpresas só devem ser reveladas ainda mais adiante, com mais duas ordens de grandeza na precisão --10 bilhões de vezes mais que as medidas atuais. "Aí estaremos em território 'virgem', nunca antes testado nem indiretamente."
Pelo visto, os mistérios da antimatéria não devem se dissipar tão cedo.

Cientistas confirmam que campo magnético da Terra é vital para atmosfera

Uma equipe de pesquisadores confirmou que o campo magnético da Terra é fundamental para proteger a atmosfera e mantê-la em seu lugar, segundo informou nesta quinta-feira a Agência Espacial Europeia (ESA).
Os resultados foram obtidos a partir da análise das consequências da passagem de uma rajada de vento solar durante um alinhamento planetário em janeiro de 2008, que permitiu comparar como este fenômeno afeta as atmosferas da Terra e de Marte.
"O efeito protetor do campo magnético é fácil de compreender e de simular matematicamente, por isso se transformou numa teoria amplamente aceita", afirmou o líder do estudo, Yong Wei, do Instituto Max-Planck para Pesquisa do Sistema Solar.
As medições, feitas pelas sondas europeias Cluster e Mars Express, demonstraram que a atmosfera de Marte perdia dez vezes mais oxigênio que a terrestre, enquanto a pressão de radiação solar aumentava uma quantidade similar em ambos os planetas.
Os cientistas esperam ampliar seu estudo com os dados recolhidos pela sonda Vênus Express da ESA, pois esse planeta, "da mesma forma que Marte, não conta com um campo magnético significativo, tem um tamanho comparável ao da Terra e apresenta a atmosfera mais densa dos três planetas".
"Durante os próximos meses ocorrerá um bom alinhamento entre o Sol, a Terra, Vênus e Marte, que aproveitaremos para coordenar uma série de observações", explicou Olivier Witasse, especialista do Projeto Mars Express.
Além disso, os pesquisadores estão interessados em ver como o aumento da atividade solar afetará a perda de partículas atmosféricas nos três planetas.
"A família europeia de sondas no Sistema Solar, com sua capacidade única de observação, terá um papel fundamental no estudo destes fenômenos à medida que se aproxima o máximo de atividade solar", explicou Matt Taylor, cientista do Projeto Cluster.

Cientistas registram pela 1ª vez movimento de átomos em molécula


Cientistas do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN, sigla em francês) registraram, pela primeira vez e em tempo real, o movimento de dois átomos no interior de uma molécula, o que durou um milionésimo de bilionésimo de segundo, segundo artigo publicado na revista científiva Nature.
De acordo com o artigo, divulgado nesta quarta-feira, os cientistas bombardearam moléculas de nitrogênio e de oxigênio com laser, que interceptou um dos elétrons gravitando ao redor de uma molécula antes de retornar à sua órbita natural, provocando uma minúscula colisão liberadora de energia.
A energia liberada pelo elétron foi o fenômeno que os cientistas observaram e analisaram para reconstruir os movimentos dos dois átomos dentro da molécula. Para Louis DiMauro, da Universidade de Ohio, encarregado do estudo, trata-se de uma etapa decisiva não só para observar reações químicas em tempo real, mas também para poder controlá-las.
"Graças a estas experiências, nós nos demos conta de que podemos controlar a trajetória quântica de um elétron quando se reaproxima da molécula, ajustando o laser utilizado", disse o físico. DiMauro acrescentou que "a próxima etapa será ver se é possível dirigir o elétron para controlar a reação química".
A outra dificuldade dos cientistas será atacar moléculas mais complexas, como uma proteína. O nitrogênio e o oxigênio utilizados na primeira experiência possuem uma estrutura muito simples.
Os físicos do CERN, em Genebra, também conseguiram manipular átomos de antimatéria. Matéria espelho daquela que conhecemos, a antimatéria ainda é muito difícil de observar, já que todo átomo de antimatéria se aniquila no contato com a matéria, produzindo uma enorme quantidade de energia.
Na teoria, a matéria e a antimatéria foram criadas em quantidades iguais nos instantes que se seguiram ao Big Bang, embora reste apenas a matéria, sem a qual o universo como conhecemos não existiria. Os físicos tentam desesperadamente estudar a antimatéria para resolver os mistérios do processo. Eles já conseguiram capturar essas moléculas, mas manipulá-las é muito difícil porque desaparecem em contato com a matéria.
No artigo da Nature, os cientistas da Experiência ALPHA, do CERN, puderam analisar certas propriedades de átomos de anti-hidrogênio, bombardeando-os com microondas. A energia destas microondas liberou os átomos de antimatéria da armadilha magnética que os mantinha aprisionados. Estes átomos se desintegraram em contato com a matéria, mas os físicos conseguiram medir, com a ajuda de detectores, a "digital antiatômica" deixada por esta desintegração. 

Estudo: genes de macacos mostram que 'temos gorilas entre nós'


Nossos ancestrais passaram pela divisão evolutiva com os gorilas há cerca de 10 milhões de anos, mas ainda compartilhamos um notável número de genes com o grande macaco, de acordo com um inovador estudo publicado nesta quarta-feira.
Um consórcio mundial de cientistas sequenciou o genoma do gorila da planície ocidental e comparou mais de 11 mil de seus genes com os dos humanos modernos, Homo sapiens, e os dos chimpanzés.
Os gorilas se separaram da linhagem humano-chimpanzé há cerca de 10 milhões de anos, e cerca de quatro milhões de anos depois homens e chimpanzés emergiram como espécies diferentes, uma ideia que coincide com as evidências fósseis.
A comparação também derruba convicções sobre similaridades entre os principais primatas, dizem os pesquisadores. Como era esperado, humanos e chimpanzés compartilhavam a maior parte dos genes.
Mas 15% do genoma humano é mais próximo ao genoma do gorila do que ao do chimpanzé - e 15% do genoma do chimpanzé é mais próximo ao genoma do gorila do que ao do humano. "Nossas descobertas mais significativas revelam não apenas diferenças entre as espécies refletindo milhões de anos de divergências evolutivas, mas também similaridades nas mudanças em paralelo ao longo do tempo desde seu ancestral comum", disse Chris Tyler-Smith, do Britain's Wellcome Trust Sanger Institute.
"Descobrimos que gorilas compartilham muitas mudanças genéticas paralelas com humanos - incluindo a evolução de nossa audição". "Cientistas sugeriram que a rápida evolução dos genes de audição dos humanos estava ligada à evolução da linguagem. Nossos resultados colocam isso em questão, já que os genes de audição evoluíram em gorilas na mesma proporção que nos humanos".
Os próprios gorilas começaram a se dividir em dois grupos, o gorila da planície oriental e o gorila da planície ocidental, cerca de um milhão de anos atrás. O estudo joga um balde de água fria naqueles que defendem a noção de que a separação entre espécies de primatas ocorreu de maneira abrupta, em um período relativamente curto. Na verdade, o processo foi longo e muito gradual.
Havia provavelmente uma quantidade razoável de "fluxo gênico", ou um cruzamento entre linhagens genéticas levemente diferentes, os dois antes que os gorilas se separassem dos outros macacos e antes que os próprios gorilas se dividissem em duas espécies.
Poderia haver um paralelo na separação entre chimpanzés e bonomos, ou entre humanos modernos e Neanderthais, afirmam os autores. Uma nova teoria sobre Neanderthais é que eles eram mais do que primos próximos - o H. sapiens ocasionalmente cruzava com eles e incorporou alguns de seus genes nos humanos modernos.
Os próprios Neandherthais se extinguiram como uma espécie separada há cerca de 40 mil anos, dizimados quer por uma mudança climática ou devido ao próprio H. sapiens, de acordo com algumas hipóteses. A amostra de DNA foi retirada de uma gorila da planície ocidental chamada Kamilah.
Depois de prosperar por milhões de anos, os gorilas sobrevivem hoje em apenas algumas poucas populações ameaçadas da África central, e sua quantidade diminui devido à caça e à perda de habitat.
"Bem como nos ensinar sobre evolução humana, o estudo dos grandes macacos nos conecta a um tempo no qual nossa existência era mais tênue, e, ao fazer isso, ressalta a importância de proteger e conservar estas espécies notáveis", afirma o estudo.

Telescópio espacial registra encontro de galáxias jovens


O Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) divulgou nesta quarta-feira imagens de um encontro de galáxias jovens no aglomerado de Hércules. O registro foi feito pelo telescópio espacial VST, instalado no Observatório do Paranal, no Chile.
Nas imagens é possível observar pares de galáxias aproximando-se umas das outras. Segundo o ESO, esse processo originará a fusão das galáxias em uma só, maior. As numerosas interações e o grande número de galáxias espirais ricas em gás que formam estrelas, fazem com que os membros do aglomerado de galáxias de Hércules se pareçam com as galáxias jovens do Universo mais longínquo. Devido a esta semelhança, os astrônomos pensam que este aglomerado é relativamente jovem.
O aglomerado de Hércules (também conhecido como Abell 2151) situa-se a cerca de 500 milhões de anos-luz de distância na constelação de Hércules. Esse aglomerado é claramente diferente de outras associações de galáxias próximas, pois além de apresentar uma forma bastante irregular, contém uma grande variedade de tipos de galáxias, em particular galáxias espirais jovens que estão formando estrelas, não se observando nenhuma galáxia elíptica gigante.

O telescópio VST obteve imagens de um conjunto de galáxias em interação no aglomerado de Hércules. Foto: ESO/Divulgação
O telescópio VST, instalado no observatório do ESO, no Chile, obteve imagens de um conjunto de galáxias em interação no aglomerado de Hércules

Detalhes do encontro das galáxias podem ser observados a partir de imagens nítidas feitas pelo telescópio durante três horas de observação  Foto: ESO/Divulgação
Detalhes do encontro das galáxias podem ser observados a partir de imagens nítidas feitas pelo telescópio durante três horas de observação

O registro foi feito no aglomerado de galáxias de Hércules  Foto: ESO/Divulgação
O registro foi feito no aglomerado de galáxias de Hércules

Imagem de grande campo mostra o aglomerado de Hércules, que fica a cerca de 500 milhões de anos-luz de distância na constelação de Hércules





Nebulosa da Tarântula abriga volume surpreendente de estrelas em formação


A nebulosa Tarântula é uma fábrica de estrelas jovens. Em sua foto mais recente, divulgada no site da Nasa (agência espacial americana) desta quinta-feira, ela aparece com uma quantidade surpreendente de estrelas.
Os pontos azuis são todas estrelas de grande massa que estão se formando. As cores verdes vêm do oxigênio e o vermelho, do hidrogênio.
Algumas estrelas possuem massa que são cem vezes superior ao do Sol.
Elas puderam ser fotografadas com essa exatidão pela câmera do telescópio espacial Hubble. A proximidade da nebulosa com a Terra colaborou para o registro de 2009.

Nebulosa Tarântula em foto da Nasa; os pontos azuis são estrelas jovens que estão em estágio de formação
Nebulosa Tarântula em foto da Nasa; os pontos azuis são estrelas jovens que estão em estágio de formação

Grande terremoto de Tóquio vai acontecer 'nos próximos anos', dizem pesquisadores


Na semana em que o Japão lembra um ano da pior tragédia natural da história do país, outra questão é levantada pela mídia local. Quando acontecerá um próximo grande terremoto?
Segundo um estudo feito pela Universidade de Tóquio, há uma probabilidade acima de 70% de a capital japonesa ser atingida por um forte tremor acima dos 7.0 de magnitude nos próximos quatro anos.
Já o estudo encomendado e divulgado pelo governo diz que as chances são de 70% em 30 anos.
Outra pesquisa independente, divulgada pela imprensa japonesa, prevê que as chances de um forte tremor em Tóquio sejam de 10% nos próximos dez anos.
Cientistas e estudiosos do assunto não chegaram a um consenso ainda. Mas todos concordam que é preciso estar preparado.
A grande preocupação em relação à Tóquio é que a área concentra perto de 35 milhões de habitantes, quase um quarto de toda a população japonesa.
Além disto, a megalópole é o principal centro administrativo e financeiro do arquipélago. O impacto econômico, portanto, seria colossal. Estimativas apontam para um prejuízo de mais de U$ 1 trilhão.
A última vez que capital japonesa sofreu um grande abalo foi em 1923, quando um tremor de magnitude 7,9 deixou 142.800 mortos. A região já foi atingida também por tremores em 1703 e 1855.
O Japão está localizado sobre o encontro de placas tectônicas, no chamado Anel de Fogo do Pacífico. Cerca de 20% de todos os abalos mais fortes no mundo acontecem no arquipélago.


ABALOS FREQUENTES
Os pesquisadores da Universidade de Tóquio se basearam em dados que mostram um número cada vez maior de tremores na capital, desde o terremoto de 11 de março.
Diariamente é registrado, em média, 1,48 sismo de magnitude superior a 3 na megalópole. Segundo os cientistas, o número é cinco vezes a mais do que antes.
Eles fizeram os cálculos a partir de registros da Agência de Meteorologia do Japão. E afirmam que, apesar de ser muito difícil de prever com exatidão quando o próximo grande tremor vai acontecer, as pessoas e o governo precisam estar preparados para ele.
Em relação aos cálculos do governo, os pesquisadores disseram que foram feitos com outra metodologia e, talvez, com bases em dados não atualizados.


TÓQUIO ESTÁ PREPARADA?
O terremoto de 11 de março aconteceu na região nordeste do país. Mas a capital japonesa também foi fortemente sacudida. Transportes foram paralisados e milhares de trabalhadores tiveram de voltar a pé para casa, causando um caos na cidade.
Uma simulação da Agência de Prevenção de Desastres mostra que se Tóquio for atingida hoje por um tremor acima de 7.0 de magnitude, mais de 6 mil pessoas devem morrer, a maioria por causa de incêndios e desabamentos.
Um especial da tevê Nippon mostrou esta semana que muitos bairros da capital são antigos, com casas de madeiras construídas muito próximas umas das outras, o que facilitaria a propagação de incêndios e dificultaria a fuga dos moradores.
Por conta disto, mais de 470 mil residências seriam totalmente destruídas. Ainda, o fato de a capital japonesa ter muitas áreas aterradas causaria o colapso de diversos prédios, mesmo aqueles preparados para resistir aos tremores.
A previsão dos pesquisadores é de que seriam gerados mais de 90 milhões de toneladas de escombros, quase quatro vezes mais o que foi produzido no terremoto de 11 de março.
Além disto, mais de um milhão de lares ficariam sem água, gás, eletricidade ou telecomunicações durante dias.


UM ANO
O terremoto de 9.0 de magnitude atingiu a região nordeste do Japão em março do ano passado. Cerca de 20 minutos depois, ondas de até 40 metros de altura varreram tudo o que tinha pela frente.
Segundo dados da polícia, cerca de 15 mil pessoas morreram e outras 3 mil continuam desaparecidas.
A tragédia se agravou depois que as ondas gigantes atingiram a usina nuclear de Fukushima, causando um acidente nuclear. Mais de 80 mil famílias foram obrigadas a deixar suas casas num raio de 30 quilômetros de distância da planta.
No domingo, diversas cerimônias em todo o país devem lembrar as vítimas da tragédia que mais matou pessoas desde a Segunda Guerra Mundial.

Forte tempestade solar chega à Terra


Uma forte tempestade solar deve atingir a Terra nesta quinta-feira, com potencial para afetar redes elétricas, satélites de navegação GPS e rotas de aviões.
A tempestade - a mais forte dos últimos cinco anos - vai liberar uma grande carga de partículas entre as 3h e 7h da manhã, no horário de Brasília, segundo especialistas em meteorologia dos Estados Unidos.

Imagem mostra série de manchas que indicam acúmulo gigante de energia magnética
Imagem mostra série de manchas que indicam acúmulo gigante de energia magnética
De acordo com eles, a tempestade foi provocada por grandes explosões que ocorreram no começo da semana. O efeito maior será sentido nos polos do planeta. Aviões que passam por essas regiões precisarão desviar suas rotas.
As partículas solares chegarão à Terra a 6,4 milhões de quilômetros por hora, segundo o centro meteorológico americano US National Oceanic and Atmospheric Administration (Noaa, na sigla em inglês).
Imagem da região do Sol onde as explosões ocorreram
Imagem da região do Sol onde as explosões ocorreram
Imagens das regiões do Sol onde as explosões ocorreram revelam uma complexa rede de manchas, indicando que há quantidades enormes de energia magnética.
Outras tempestades magnéticas foram observadas nas últimas décadas. Uma explosão solar enorme, em 1972, paralisou as linhas telefônicas do Estado americano de Illinois.

Galáxia esconde berçário de estrelas sob camada de poeira


O telescópio espacial Hubble fotografou a galáxia elíptica Centaurus A sem a poeira estelar que geralmente a encobre.
A imagem, divulgada nesta quarta-feira pela Nasa (agência espacial americana), revela grupos de estrelas jovens em formação que normalmente são difíceis de visualizar. Elas aparecem como pontos vermelhos no close feito pelo Hubble.
O formato ovalado da Centaurus A, que está a cerca de 12 milhões de anos-luz, decorre de uma colisão no passado com outra galáxia.
O impacto resultou em nuvens e gás hidrogênio que, prensados, levaram a uma série de nascimento de estrelas.
A Centaurus é uma das galáxias mais próximas da Terra que contém um núcleo galáctico bem ativo. No centro, há um buraco negro que não está visível na foto.

Os pontos vermelhos que aparecem na imagem são locais onde estrelas são formadas na galáxia Centaurus A
Os pontos vermelhos que aparecem na imagem são locais onde estrelas são formadas na galáxia Centaurus A

quarta-feira, 7 de março de 2012

Sedimentos no México sustentam teoria de impacto extraterrestre


Uma equipe internacional de cientistas identificou no lago Cuitzeo, no centro do México, materiais inusitados em um sedimento que sustentam a teoria de um impacto extraterrestre há cerca de 12,9 mil anos, indica um artigo publicado nesta segunda-feira pela revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).
A equipe, liderada por Isabel Israde Alcantara, da Universidade Michoacana, no México, afirma que a camada de sedimento lacustre negro é rica em carvão e contém nanodiamantes e microesferas que datam do início do período denominado Dryas recente. Esta foi uma breve fase de 1,3 mil anos de esfriamento climático ao final do período pleistoceno. Os materiais encontrados em uma amostra de 27 m de comprimento obtida do solo mexicano são interpretados como resultado de um "impacto extraterrestre".
Além de Isabel, fizeram parte da equipe Gabriela Domínguez Vázquez, da Universidade Michoacana, do México, e cientistas da Universidade Nacional de Taiwan, das universidades americanas da Califórnia, Oregon e Harvard, e do Instituto para Ciência de Materiais de Tsukuba, do Japão.
O lago de Cuitzeo, que cobre de 300 a 400 km quadrados e tem uma profundidade média de 27 m, localiza-se entre os estados de Guanajuato e Michoacán de Ocampo e ocupa o segundo lugar em extensão no México. Os cientistas extraíram a amostra com o objetivo de obter um registro do clima da antiguidade além do período interglacial.
"Nossa atenção logo focou em uma camada anômala, de uns 10 cm de espessura e 2,8 m de profundidade, que data de aproximadamente 12,9 mil anos atrás e coincide com várias mudanças ambientais e bióticas anômalas, reconhecidas independentemente em outras sequências de amostras lacustres regionais", destaca a nota. Essas mudanças, obtidas em conjunto, produziram a camada mais notória de delimitação dos sedimentos ao final do período quaternário. A camada, explicaram os cientistas, contém uma acumulação diversa e abundante de materiais que se relacionam com um impacto e, além dos nanodiamantes e esferas de carbono, há esferas magnéticas.
No artigo, os pesquisadores trabalharam com diversas hipóteses que pudessem explicar essas observações e chegaram à conclusão de que a presença de tais materiais "não podem ser explicadas por qualquer mecanismo terrestre". Entre as hipóteses analisadas, figuram a "chuva cósmica" - queda de meteoritos sobre a Terra -, a origem vulcânica desses sedimentos, a produção humana e até a identificação errônea dos materiais encontrados.
Cada uma dessas hipóteses é discutida detalhadamente no artigo, que chega à conclusão de que "o impacto cósmico é a única hipótese viável". "Embora a origem desses sedimentos continue sendo tema de especulação, há atualmente um só acontecimento conhecido, um impacto cósmico, que pode explicar a acumulação diversa e amplamente distribuída desses materiais", complementam os autores.

Novo grupo confirma último achado sobre 'partícula de Deus'

Físicos dos Estados Unidos informaram nesta quarta-feira (7) que suas experiências confirmam as do LHC, o grande acelerador de partículas europeu, sobre o bóson de Higgs. Em dezembro, as medições reduziram o espectro onde a "partícula de Deus", como é apelidado o bóson de Higgs, poderia estar escondido.Os resultados provêm do colisor americano Tevatron, fechado em setembro depois de mais de um quarto de século, embora os físicos continuem analisando os dados na busca da chamada "partícula de Deus".
O bóson de Higgs é o elo perdido no Modelo Padrão da Física e acredita-se que ele dê massa aos objetos, embora os cientistas nunca tenham sido capazes de identificá-lo e exista apenas em teoria.
"O final do jogo se aproxima na busca do bóson de Higgs", disse Jim Siegrist, diretor-adjunto de ciências do Departamento de Energia.
"Este é um marco importante para os experimentos do Tevatron e demostra a contínua importância das medições independentes na busca pela compreensão dos elementos básicos da natureza", acrescentou.
Ilustração de uma colisão entre partículas promovida pelo acelerador LHC. É com experimentos como esse que os cientistas estudam partículas como o bóson de Higgs (Foto: Cern)Ilustração de uma colisão entre partículas promovida pelo acelerador LHC. É com experimentos como esse que os cientistas estudam partículas como o bóson de Higgs
Os físicos do CDF e do DZero, as duas equipes de pesquisa do laboratório Fermilab, situado em Batavia, no estado de Illinois, disseram em um comunicado que seus dados "poderiam ser interpretados como provenientes de um bóson de Higgs com massa na faixa dos 115 a 135 GeV (gigaelectronvolts)".
Esta faixa inclui os limites anunciados em dezembro de 2011 pelos cientistas no Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), construído nos Alpes, na fronteira franco-suíça, pelo Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em francês).
Os experimentos do Cern, realizados por um consórcio de 20 países membros, demonstraram uma escala provável do bóson de Higgs entre os 115 e os 127 GeV.
O GeV é a medida padrão para a massa das partículas subatômicas. Um GeV é aproximadamente equivalente à massa de um próton.
No entanto, nenhum dos indícios até o momento foi suficiente para que os físicos anunciassem a descoberta da partícula ou para afirmar que há provas suficientes para que os físicos anunciassem a descoberta da partícula ou para afirmar que há provas suficientes para assegurar com certeza a sua existência.
O diretor do Fermilab, Pier Oddone, mostrou-se "entusiasmado pelo progresso na busca do bóson de Higgs", destacando que cientistas de todo o mundo rastrearam por centenas de bilhões de colisões do tipo protón-antiprotón.
"Ainda resta muito trabalho pela frente antes que a comunidade científica possa dizer com certeza que o bóson de Higgs existe", acrescentou Dmitri Denisov, co-portavoz do DZero e físico no Fermilab.
"Baseado nestas pistas emocionantes, estamos trabalhando o mais rápido possível para melhorar ainda mais nossos métodos de análise e expremer até a última gota dos dados do Tevatron", continuou.

Visitantes ameaçam Antártida ao carregar espécies invasoras


Cientistas e turistas ameaçam a Antártida sem saber. Ao chegarem à região para realizar pesquisas ou turismo, eles podem ter a "companhia" de sementes de espécies invasoras que colocam as plantas nativas em risco e, por consequência, o ecossistema.
Um levantamento internacional que envolveu instituições de cinco países fundamenta o estudo, publicado na revista científica "PNAS".
Cientistas procuraram sinais de sementes e/ou propágulos (células que se desprendem das plantas para dar origem a outras) em 853 sacos, malas, bolsas, roupas e sapatos.
O resultado da busca: eles encontraram mais de 2.600 indícios. Destes, 43% eram de espécies reconhecidamente invasoras.
A pesquisa, a primeira que tenta quantificar a ameaça de espécies invasivas na Antártida, estima que uma única pessoa inadvertidamente carrega cerca de 9,5 sementes, em média, para a Antártida.
Faça os cálculos: hoje há cerca de 7.000 cientistas trabalhando no local, somados aos 33 mil turistas que viajam para lá.
As áreas de maior risco são a península Antártica, a costa não congelada que se encontra perto do mar de Ross e no Leste Antártico, aponta o estudo.
Conduzido entre 2007 e 2008, durante a estação de verão, a pesquisa envolveu a Universidade Stellenbosch (África do Sul), Pesquisa Antártida Britânica, Sociedade Japonesa para a Promoção da Ciência, Instituto de Ecologia da Holnda e Instituto Polar Francês.

Análise de DNA indica que feijão surgiu no México


Até quem tem dificuldade em encarar a apimentada comida mexicana provavelmente enche seu prato com uma dádiva do México todos os dias. Trata-se do feijão (Phaseolus vulgaris).
É o que mostra um estudo na edição eletrônica da revista científica "PNAS", no qual o DNA de mais de uma centena de variedades de feijão foi comparado, em busca de pistas sobre a história da leguminosa mais consumida no Brasil e no mundo.
Até agora, arqueólogos e botânicos apostavam nos Andes como o berço do feijão, inferindo que, a partir da cadeia de montanhas, a planta teria sido levada tanto rumo ao norte, para a América Central e do Norte, quanto na direção sul, no Brasil.
Era mais ou menos essa a distribuição do feijão doméstico antes de Colombo e Cabral, e a planta já era uma parte importante da dieta indígena em 1500.
Os Andes são um centro conhecido de origem de plantas domésticas importantes --a batata é originalmente uma iguaria andina. Mas havia evidências conflitantes apontando para o México no caso do feijão comum.
Para tirar essa dúvida, a equipe liderada por Roberto Papa, do Conselho de Pesquisa Agrícola da Itália, examinou cinco regiões do DNA de formas selvagens da planta.
Em geral, quando um ser vivo se espalha de uma região do planeta para outra, as áreas para onde ele vai abrigam menos diversidade genética do que as áreas de origem. É o caso do ser humano: os africanos são mais diversos geneticamente que os europeus, por exemplo.


DEZ MAIS
Foi essa diversidade aumentada (dez vezes maior), bem como a semelhança entre as linhagens andinas e as mexicanas, que apontou para o México como centro de origem da planta.
Um pesquisador brasileiro confessou à Folha ter ficado "muito feliz" com os resultados da nova pesquisa. Afinal, Fábio Oliveira Freitas, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, já havia identificado um possível elo dos feijões nativos do Brasil com o México e a América Central.
O dado veio à tona quando Freitas analisou amostras de feijão de um sítio arqueológico do norte de Minas Gerais, datadas de algum momento do século 17. Um gene desses feijões tinha mais semelhanças com a versão desse gene em amostras mexicanas.
Freitas explica que, embora os dados se refiram a formas selvagens do feijão, o mais provável é que as plantas tenham vindo do México para a América do Sul com um empurrãozinho humano.
"Principalmente nas fases iniciais da domesticação, é fácil a planta voltar para o estado selvagem", explica. "Um grupo indígena pode plantar uma roça e abandoná-la, o que favoreceria esse evento."
Freitas, porém, relativiza os achados, lembrando que a diversidade genética atual do feijão pode não ser um retrato preciso da origem da planta há milhares de anos.

Nasa divulga foto de missão espacial de 43 anos atrás


O site da Nasa (agência espacial americana) divulga nesta terça-feira a foto do astronauta Dave Scott tirada em 6 de março de 1969.
Scott era então parte da tripulação da Apollo 9, formada também por Jim McDivitt e Rusty Schweickart. Este último foi o autor da imagem.
A missão dos três era testar equipamentos e o módulo lunar Spider na órbita terrestre baixa, que seriam usados posteriormente em um dos pousos na Lua.

O astronauta Dave Scott; tripulação da Apollo 9 testou o módulo Spider que seria usado para pouso na Lua
O astronauta Dave Scott; tripulação da Apollo 9 testou o módulo Spider que seria usado para pouso na Lua

terça-feira, 6 de março de 2012

Matéria escura “descolada” da matéria regular está intrigando os astrofísicos


Medições e interpretações feitas pelo Telescópio Espacial Hubble têm sugerido que as porções de matéria escura em um aglomerado chamado Abell 520 pode ter se “deslocado” dos seus homólogos de matéria visível.
Um relatório publicado no Astrophysical Journal confirma a presença de um “amontoado gigantesco” de matéria escura com poucas galáxias visíveis no centro de Abell 520, um local onde ocorreu uma grande colisão de várias galáxias. Este indício foi identificado pela primeira vez em 2007, mas os astrônomos inicialmente pensaram se tratar de um falso sinal. Agora que as leituras foram checadas e confirmadas, os teóricos estão se esforçando para tentar explicá-lo.
Nós não estávamos esperando isso”, comentou o astrofísico Arif Babul, da Universidade  de Victoria. “Segundo a nossa teoria atual as galáxias e a matéria escura devem ser encontradas juntas, mesmo que ocorram colisões. Mas não é isso que está acontecendo em Abell 520. Lá, a matéria escura parece ter se unido, formando um núcleo escuro, mas na maioria das galáxias associadas no aglomerado a matéria escura parece ter seguido em frente. Esperávamos que quando olhássemos novamente, anos depois, o núcleo escuro não existisse mais, mas em vez disso, mostra-se com maior potência do que antes”, relatou o pesquisador.
Acredita-se que a matéria escura responda por 83% da matéria encontrada no Universo, e enquanto ela não emite qualquer radiação eletromagnética em si, sua presença pode ser detectada através da influência gravitacional de sua massa – chamado de lente gravitacional. A matéria escura foi detectada pela primeira vez há 80 anos, e é conhecida entre os físicos como a “cola” que mantém as galáxias juntas em aglomerados.
Um estudo prévio da matéria escura em uma colisão galáctica – no aglomerado Bullet Cluster , localizado três milhões de anos-luz da Terra – mostrou que a matéria escura passou pelo local do acidente, juntamente com suas galáxias, mas a temperatura altíssima ocasionou a emissão de raios-X, empilhando a matéria escura no centro. No aglomerado Abell 520 a matéria escura fica para trás com todo o gás, à medida que as galáxias “andam”.
Sabemos de talvez seis exemplos de alta velocidade de colisões galácticas de aglomerados, onde a matéria escura foi mapeada. Mas o Bullet Cluster e Abell 520 são os dois que mostram a evidência mais clara de fusões recentes e são incompatíveis com os outros”, comentou James Jee, astrônomo da Universidade da Califórnia.As possíveis explicações oferecidas até agora pela equipe não são particularmente reconfortante. Uma teoria é de que Abell 520 possui uma interação mais complicada do que a encontrada em Bullet Cluster, com três grupos colidindo-se, em vez de apenas dois. Outra opção é que algum tipo de matéria escura possa ser “pegajosa”, interagindo com ela mesma e com a matéria regular. Uma terceira possibilidade é de que o núcleo da galáxia contém muitas galáxias, mas que são muito tênues para serem observadas.
Jee disse: “O resultado é um quebra-cabeça. A matéria escura não se comporta como o previsto, e não é obviamente claro o que está acontecendo. Talvez uma teoria sobre a formação de galáxias e matéria escura possa explicar o que está ocorrendo...”.
O próximo passo é a construção de uma simulação de computador para recriar a colisão que formou Abell 520 para entender se nossa atual compreensão sobre a matéria escura está errada. Se for este o caso, então o problema deverá ser entregue na mão de físicos especialistas em partículas para tentarem encontrar novas teorias que explique as atuais interpretações da matéria escura nestes aglomerados.

Oceano de Europa, uma das luas de Júpiter, pode ser muito ácido para abrigar vida


Os cientistas sempre tiveram esperança de que a vida poderia ser encontrada em Europa, uma das 64 luas conhecidas de Júpiter.
Europa sempre foi considerada “especial” por abrigar uma grande calota de gelo. Estimava-se que abaixo de todo esse gelo existisse um grande oceano, que possivelmente abrigasse vida.
Mas agora investigadores sugerem que o oceano de Europa pode ser muito ácido para abrigar vida, ao menos à grande maioria das quais conhecemos. A declaração serviu como uma notícia amarga para aqueles que apostavam suas fichas na possibilidade de vida em um dos satélites naturais de Júpiter.
Os cientistas chegaram à conclusão através de análises de produtos químicos na superfície de Europa. Estas substâncias são oxidantes, como o peróxido de hidrogênio (conhecido popularmente como água oxigenada) que forma ligações com outros produtos químicos, criando compostos que inviabilizariam a vida.
Os oxidantes podem ser um fator de impedimento ao surgimento de vida, com exceção do oxigênio que é vital para a grande parte da vida na Terra. Os astrônomos calculam que em Europa, os oxidantes possam fazer ligações com sulfetos, formando ácido sulfúrico.Isso levaria a uma total acidez do oceano, com o pH girando em torno dos 2,6 – tão ácido como uma Coca-Cola. “Este resultado certamente não é amigável para a vida”, declarou Mateus Pasek, pesquisador da Universidade do Sul da Califórnia, um dos autores da pesquisa.
Isso acaba mexendo com o desenvolvimento das membranas, dificultando a construção de polímeros orgânicos em grande escala”, concluiu o cientista.Em situações de acidez como esta, a única vida possível seria uma classe de bactérias chamadas acidófilas que suportariam viver em um ambiente com ácidos, pois ela utiliza sulfetos para sobreviver.

Marte perdeu seu campo magnético por forte impacto com asteroide há 4 bilhões de anos


  Há quatro bilhões de anos, Marte tinha um campo magnético assim como o da Terra, mas algo “desligou” este campo, deixando o planeta totalmente exposto à radiação solar.
Agora, os cientistas estão procurando um possível culpado – um impacto enorme com um asteroide que deixou uma cratera tão profunda que quase caberia o Monte Everest.
Esse impacto, e outros com asteróides de 1,5 km de largura, tiveram efeito catastrófico sobre o interior do planeta e sua superfície, desativando o campo magnético para sempre.
Uma das crateras é chamada de Bacia de Hellas, com 1,3 km de diâmetro e 6 km de profundidade, rodeado por uma camada de vários quilômetros de espessura de detritos, criados no momento do impacto. James Roberts, da Johns Hopkins University criou um modelo em computador sobre os efeitos térmicos destes enormes impactos e descobriu que um único asteróide causou uma ondulação devastadora, levando 100 milhões de anos para o planeta vermelho se recuperar.
Nós encontramos cinco impactos grandes e seus efeitos sobre o mando. Um único impacto gigante alterou o campo do fluxo total do manto. Tal impacto promoveu a formação de um afloramento abaixo do local da colisão”, afirmou Roberts.
Na foto é possível observar a bacia de Hellas em Marte (em azul), formada pelo impacto de um imenso asteroide. 

Físico do Havaí quer explicar o Universo com figura geométrica


  Douglas Adams ficaria orgulhoso. Os livros do escritor inglês, que morreu aos 49 anos em 2001, eram povoados por alguns dos mais estranhos – e adoráveis – personagens da ficção científica.
  Mas nem mesmo a imaginação fértil do autor de O Guia do Mochileiro das Galáxias conseguiu imaginar um físico teórico que também fosse surfista.
Garrett Lisi é o exemplo perfeito da realidade superando a ficção. Lisi, que é Ph.D. em física pela Universidade da Califórnia e atualmente vive em Maui, segunda maior ilha do Havaí, apresentou em 2007 o que ele chama de “Uma Excepcionalmente Simples Teoria de Tudo” (o que, aliás, também daria um ótimo título para um livro de Douglas Adams).
A teoria de Lisi leva ao pé da letra a máxima de Galileu Galilei que diz que “o livro do mundo está escrito em linguagem matemática”. O físico baseia suas ideias em uma estrutura geométrica chamada simplesmente de E8.
Mas a simplicidade para por aí. Por trás do singelo nome E8 esconde-se uma das mais belas – e complexas – construções da geometria. O “E” é de “excepcional” (daí o título da teoria de Lisi), e 8 é o número de dimensões que a figura tem, além de 240 vetores. Esses vetores são os vértices (“cantos”) de um objeto octadimensional. É como um cubo representado numa folha de papel, só que é uma figura muito mais complicada. Então, na verdade, o que vemos no papel é a representação em duas dimensões de uma estrutura 8D.
  Mas o que essa estrutura matemática tem a ver com a Teoria de Tudo, o Santo Graal da física moderna? Acontece que as partículas elementares – os “tijolos” que formam a vida, o Universo e tudo mais – e todas as suas versões e interações possíveis entre elas chegam a 222; segundo Lisi, estas partículas e suas interações se encaixam perfeitamente nos vértices do E8. E isso, de acordo com o físico havaiano, não pode ser por acaso.
Há uma piada interna entre os físicos que diz que a Teoria de Tudo teria de ser tão simples e elegante que poderia ser estampada em uma camiseta. Pois foi exatamente o que Lisi fez: há vários sites que oferecem camisetas com a figura E8 na frente e equações, assinadas pelo próprio Lisi, nas costas.
E quanto às outras 18 partículas que ainda faltam para preencher as lacunas do E8? “Se o LHC [maior acelerador de partículas do mundo] encontrar partículas que se encaixem neste padrão E8, isso vai ser muito, muito legal”, entusiasmou-se Lisi em uma palestra de 2008 no TED, famoso evento de tecnologia.Se isso não acontecer, no entanto, o surfista presente no cientista parece estar pronto para “levar um caldo”: “Em ciência, se alguma coisa não está funcionando, você tem de deixá-la de lado e tentar alguma outra coisa”.
Em O Restaurante no Fim do Universo, livro temperado com a fina ironia britânica, Douglas Adams afirma que “existe uma teoria que diz que, se um dia alguém descobrir exatamente para que serve o Universo e por que ele está aqui, ele desaparecerá instantaneamente e será substituído por algo ainda mais estranho e inexplicável”. Adams certamente gostaria muito se um surfista descobrisse exatamente por que o Universo está aqui.
Matéria escrita e enviada via e-mail por Celso Antônio de Almeida. Para acessar o site do físico-surfista, clique aqui ou o adicione no Twitter: @garrettlisi

Novos fósseis revelam passagem dos animais da água para a terra

Fósseis descobertos na Escócia ajudaram os cientistas a preencher uma lacuna de 15 milhões de anos na linha da evolução. O estudo publicado pela “PNAS”, revista da Academia Americana de Ciências, mostra os animais que fizeram a transição da água para a terra.O artigo descreve uma variedade de invertebrados – artrópodes, parentes dos insetos – e vertebrados – tetrápodes, animais de quatro patas. A descoberta inclui animais aquáticos e terrestres.
Até a publicação desse estudo, não havia nenhum registro de animais desse tipo nessa época. Havia tetrápodes mais antigos – aquáticos – e mais recentes – já terrestres. Esses fósseis confirmam que houve uma etapa intermediária na evolução, como os especialistas já imaginavam.
Com a descoberta, os cientistas confirmam ainda com mais precisão quando ocorreu a passagem dos animais do ambiente aquático para o terrestre. Esses fósseis datam do período tournaisiano, há cerca de 350 milhões de anos.
Ilustração de um dos animais descobertos, chamado de 'Ribbo' pelos pesquisadores (Foto: Michael Coates/University of Chicago/National Museums Scotland (NMS))Ilustração de um dos animais descobertos, chamado de 'Ribbo' pelos pesquisadores.

Saiba o que fazer se um objeto espacial cair no seu quintal


O que fazer se um pedaço de lixo espacial cair no seu quintal? Moradores de Anapurus, no interior do Maranhão, fizeram-se essa pergunta há pouco mais de uma semana, quando uma esfera metálica com cerca de 30 kg despencou do céu a poucos metros de uma residência.
Um acontecimento como esse, apesar de ser bastante improvável, está previsto em convenções internacionais de aeronáutica e espaço.
"O mais correto a fazer é chamar as autoridades e isolar a área. É importante evitar que as pessoas fiquem tocando o material antes que ele seja analisado para ver se há risco, por exemplo, de ser algo tóxico ou radioativo", afirma Petrônio Noronha de Souza, chefe do Laboratório de Integrações e Testes do Inpe
Apesar de essa conduta ser internacionalmente divulgada e de a esfera ter caído no único Estado brasileiro que tem uma base de lançamentos de foguetes, não foi exatamente isso o que aconteceu no Maranhão.
Assustada, a população chegou a falar em invasão alienígena e até em possíveis indícios do fim do mundo.
Também não faltaram curiosos para tocar e movimentar o objeto, que virou ponto turístico para fotos e vídeo antes de ser removido pela polícia.
VAI PARA ONDE?
O destino do material recolhido foi motivo de impasse.
No fim, a esfera metálica foi recolhida pela Aeronáutica. Uma equipe do CLA (Centro de Lançamento de Alcântara) foi designada para recolher e fazer um diagnóstico preliminar do objeto.
De acordo com Noronha de Souza, pesquisador do Inpe, a confusão sobre o que fazer com o material não é exclusividade do país.
"Em nenhum lugar do mundo há uma equipe de emergência só para lixo espacial. É algo muito raro de acontecer", explica ele.
Para Thyrso Villela Neto, presidente interino da AEB (Agência Espacial Brasileira), as chances de alguém ser atingido por um pedaço de lixo espacial é tão pequena que não é necessária uma campanha de divulgação entre as autoridades responsáveis -como a polícia- sobre o que fazer nesses casos. "São eventos raros. A população pode ficar despreocupada."
Por mais improvável que seja, até reuniões da ONU já discutiram o assunto. Hoje, o consenso é que, se algo cair e danificar uma propriedade, o responsável é o país que colocou o objeto no espaço.
"É, grosso modo, o mesmo procedimento que haveria se uma casa fosse atingida por um avião. A companhia aérea teria de ser responsabilizada", afirma Villela Neto.
Ou seja, os moradores do Maranhão poderiam mandar a conta para a Europa. Centros de monitoramento indicam que um pedaço de foguete Ariane 4, usado para cargas pesadas, estava previsto para reentrar mais ou menos no mesmo horário e local do incidente no Estado.
A origem do objeto ainda não foi confirmada.
Em 2008, o Brasil devolveu aos Estados Unidos um pedaço de foguete americano que caiu em Goiás. Segundo os especialistas, será esse o provável destino da esfera.
A ÚNICA ATINGIDA
Embora a quantidade de lixo espacial não pare de crescer, até hoje os objetos não mataram ninguém. Acredita-se que a única pessoa atingida por lixo espacial tenha sido a americana Lottie Williams, em 1997. Ela não se feriu.
Em entrevista a uma emissora de televisão, ela contou que estava caminhando no Estado de Oklahoma quando viu um objeto incandescente no céu.
Algum tempo depois, ela sentiu uma espécie de tapa no ombro. Ao olhar para trás, Williams viu só um pedaço de metal retorcido no chão.
Ela levou o material à biblioteca da cidade. Foi então que entrou em cena um grupo de estudiosos de astronomia, que logo percebeu a conexão entre os incidentes. O pedaço de metal e o objeto que rasgou o céu eram parte de um foguete Delta da Nasa.
Episódios como esse são raros. A Terra tem um tipo de escudo protetor. Ao voltar ao planeta, os detritos enfrentam um atrito fortíssimo, além de temperaturas altas, o que faz com que boa parte do lixo seja destruída.
Além disso, mais de 70% da superfície da Terra é coberta de água, e a maior parte do que consegue resistir à reentrada acaba nos oceanos. Mesmo em terra firme, há largas extensões onde quase não há ninguém, como o deserto do Atacama.
A chance de alguém ser atingido é de 1 em 3.200. O risco de que um objeto caia em uma pessoa específica, como você, é de 1 em trilhões. É mais fácil ser atingido por um raio.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Erupção solar envia partículas na direção da Terra, diz Centro Espacial

Uma forte erupção na superfície do Sol, somada com a temporada de tempestades, enviou ondas de plasma e partículas que alcançarão a Terra, conforme informou nesta segunda-feira o Centro de Prognósticos Climatológicos Espaciais (SWPC).
O SWPC, operado pelo Serviço Meteorológico Nacional dos Estados Unidos, indicou que o clarão foi de classe X1.1, o que significa que se trata de uma das mais poderosas das erupções solares. O fenômeno aconteceu às 1h13 desta segunda-feira.
A expectativa é de que a onda de plasma e partículas solares alcance a Terra em dois ou três dias.
As erupções solares interferem no campo magnético da Terra e as ondas, que obrigaram a mudar a rota de alguns aviões comerciais que sobrevoavam os pólos, continuarão se intensificando, segundo os especialistas.
O Sol passa por ciclos regulares de atividade, que a cada 11 anos aproximadamente se intensificam e provocam tempestades que às vezes deformam e inclusive atravessam o campo magnético da Terra.
Os especialistas indicaram que a atual temporada de tempestades é a mais intensa registrada desde setembro de 2005 e que estas provocam efeitos especiais únicos como as auroras boreais, além de interferir nas comunicações.
Além disso, as redes de transmissão de eletricidade, as comunicações via rádio e os sistemas de satélites são afetados, mas a Nasa afirmou que os astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS) não correm perigo.
Em janeiro, os cientistas detectaram duas erupções no período de quatro dias seguidos por ondas com bilhões de toneladas de plasma viajando a cerca de 8 milhões de km/h.
A onda causada pelo segundo dos dois clarões alcançou a Terra cerca de 34 horas depois da erupção, em vez dos dois ou mais dias que habitualmente esse deslocamento demora.  

Programa espacial brasileiro evolui com lançamentos de satélites


Se durante a Guerra Fria a corrida espacial envolvia apenas os Estados Unidos e a antiga União Soviética, atualmente esse quadro apresenta mudanças. "Naturalmente, as grandes potências estão recebendo concorrência de outros países, mesmo que atualmente o mercado aeroespacial seja basicamente dominado por Rússia, Estados Unidos e Europa. Assim, países como Ucrânia, Índia e China estão entrando nessa disputa também", afirma o professor de engenharia mecânica da Universidade de Brasília (UnB) Carlos Alberto Gurgel Veras.
Dentro desse aumento de importância dos países emergentes no mercado aeroespacial, qual o papel do Brasil? "O País está entrando no mercado em um nicho, lançando satélites comerciais em órbitas mais baixas, mas com a vantagem de ter a melhor posição geográfica para a atividade. Nós podemos lançar sete satélites por ano, no máximo, e não temos condições de fazer o lançamento de satélites muito grandes", detalha Veras.
Para entender o avanço da participação do Brasil na área é preciso voltar às origens da Agência Espacial Brasileira (AEB), fundada em 1994, durante o governo Itamar Franco, para substituir a Comissão Brasileira de Atividades Espaciais (COBAE), com caráter militar, criada na década de 1970. Com o fim da Guerra Fria e da bipolaridade entre Estados Unidos e União Soviética, muda o contexto mundial e surge a necessidade do País ter um órgão de instância civil para lidar com a cooperação internacional na área espacial, que até então era responsabilidade do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), entidade focada principalmente na área de pesquisas.
Inicialmente, a AEB era vinculada diretamente à Presidência da República, mas, a partir do governo Fernando Henrique Cardoso, passou a fazer parte do Ministério da Ciência e Tecnologia, enfrentando dificuldades para coordenar, com cerca de 50 pessoas, o projeto espacial de um país com pouca experiência na área. "A agência enfrentou vários problemas para exercer a tarefa de executar a política espacial brasileira, pois precisava de gente especializada, o que conseguiu pouco no início, fator determinante para que não tivesse muita força durante vários anos. Com a crise no governo FHC, as verbas diminuíram, e só depois, por volta de 2004, a situação começou a melhorar, com mais verba do que antes", relata José Monserrat Filho, chefe da Assessoria de Cooperação Internacional da AEB.
Atualmente, após projetos de parceria com potências e empresas estrangeiras nas décadas de 70, 80 e 90, com um projeto de cooperação com a China - iniciado em 1988, interrompido durante o governo Collor e retomado na gestão seguinte - o País tem planos de aumentar suas atividades espaciais. Dentro dessa diretriz, estão fora de cogitação interesses militares e tentativas de explorar o espaço ou mandar o primeiro brasileiro à Lua.
"Em 1988, o Brasil fez um acordo de assessoramento remoto com a China, e, desde então, lançamos três satélites - em 1999, 2003 e 2007. O próximo, CBERS 3, deve ser lançado em 2012 e, em 2014, será lançado o CBERS 4. A nossa grande missão é aumentar consideravelmente a atividade espacial brasileira: enquanto cinco satélites foram lançados em 19 anos, nós queremos lançar quatro em quatro anos. Missões à Lua, por exemplo, não são nossa prioridade, e o programa espacial brasileiro na era civil não tem fins militares, tampouco temos programas tripulados. A atividade espacial tem de atender às necessidades do País, melhorando o desempenho da indústria e a vida das pessoas. Se no passado, o poder militar foi indispensável para um país se tornar uma grande potência, hoje isso provavelmente não é mais verdade", conta Monserrat Filho.
Gurgel Veras afirma que, apesar de não ter interesses de realizar viagens à Lua, o País tem recursos para criar o seu próprio satélite e crescer dentro do quadro espacial mundial. "O Brasil quer se colocar entre as dez maiores potências da área, e, para isso, é necessário ter um programa espacial, pois todas as demais têm, mudando a imagem que ainda passamos de país agrícola e atrasado nesse quesito", analisa.
Diferentemente do Brasil, a China segue firme em seu objetivo de mandar um homem à Lua entre 2020 e 2030. Mas, depois de tantas expedições que já mostraram tudo o que se poderia saber sobre o solo lunar, qual a necessidade real de uma viagem tripulada ao satélite? "Os chineses querem ir à Lua simplesmente para mandar uma mensagem política e econômica ao mundo de que só eles e os Estados Unidos foram lá, e que eles são tão bons quanto os americanos. É muito mais para se posicionar como uma liderança mundial, é pura propaganda; e como não falta dinheiro a eles, a China vai mesmo mandar um homem para a Lua", declara o professor de Engenharia Mecânica da UnB.
Outras potências da área, como os russos, apesar de poderem, não têm interesse em tripular uma viagem à Lua. "Eles não se interessam por isso. Se quisessem, já teriam conseguido também. Com um pouco de tempo, eles poderiam mandar uma nave para o espaço e depois mandar suprimento para lá, mas não é algo que lhes parece importante", afirma Veras.
Além dos interesses ambiciosos dos ricos países emergentes, o professor aponta outras interessadas em crescer dentro do setor aeroespacial. "Novas empresas americanas, criadas por bilionários da internet, como o cofundador da Space X Elon Musk, estão entrando com tudo no mercado, fazendo contato com a Nasa (a agência espacial americana) e produzindo foguetes poderosos", assegura.