"Ouro de tolo" ilumina caminho para nova geração de células solares
Apesar de sua semelhança com o ouro, a pirita não passa de um sulfeto de ferro.
Mas ela está abrindo o caminho para uma nova geração de células solares
Ouro dos sábios
A pirita é conhecida como "ouro de tolo" por muito boas razões - apesar de
parecer ouro, ela não passa de um sulfeto de ferro.
Mas agora os não tão ingênuos "garimpeiros de novos materiais" podem ser os
últimos a dar suas risadas, sobretudo porque eles estão interessados em uma
riqueza renovável.
E a pirita pode ser a fonte para uma nova geração de células solares, muito
mais baratas de se fabricar.
As células solares hoje são caras porque são difíceis de fabricar e usam
matérias-primas caras. Já a pirita é barata e ambientalmente benigna.
Pirita grau solar
A pirita tem uma capacidade enorme para absorver energia solar, além de poder
ser fabricada em películas 2.000 vezes mais finas do que as películas de
silício.
No entanto, ela não converte a energia que absorve em eletricidade.
"Nós sabemos há muito tempo que a pirita tem propriedades interessantes para
a energia solar, mas acontece que, na prática, ela não funciona. E nós sabemos
realmente por que," conta Douglas Keszler, da Universidade do Estado de Oregon,
nos Estados Unidos.
Ou, pelo menos, não sabiam.
Keszler e seus colegas acabam de descobrir que isso acontece porque o calor
gerado pela grande absorção de energia solar faz com que a pirita comece a se
degradar, formando compostos que impedem a geração da eletricidade.
Quase de graça
Também enganados pelo ouro de tolo, os cientistas então começaram a garimpar
materiais que imitem a pirita - se possível, com suas vantagens e sem suas
desvantagens.
Eles descobriram que o sulfeto de ferro-silício (Fe2SiS4) é o candidato
ideal.
"O ferro é um dos elementos mais baratos para se extrair, o silício é o
segundo, e o enxofre é virtualmente grátis," entusiasma-se o pesquisador. "Esses
compostos são estáveis, seguros e não se decompõem. Não há nada aqui que possa
acabar com a festa da criação de uma nova classe de materiais para células
solares".
A pesquisa ainda não está finalizada, e os cientistas afirmam que poderão
encontrar compostos similares - o germânio é uma das opções, uma vez que ele
pode entrar no composto em substituição ao silício, criando um Fe2GeS4.
Agora a tarefa está a cargo da engenharia, que deverá construir as primeiras
células solares com o novo material e confirmar se ele justifica todo o
entusiasmo inicial - ou se não se transformará em uma pirita dos tolos.
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