Os equipamentos já operam desde a primeira semana de janeiro e
transmitem remotamente dados sobre a velocidade do vento e umidade do ar
a partir das coordenadas 84°S, 79°29'39"W, a 670 km do Polo Sul
Geográfico e a 2.500 km de distância da Base Antártica Comandante
Ferraz, mantida pela Marinha na costa da região.
Dez pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e
das universidades Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Estadual do
Rio de Janeiro (UERJ) estão desde dezembro acampados no local e são
responsáveis pela instalação de equipamentos e realização de medições.
“Está um friozinho aqui”, brincou o pesquisador. Durante o verão no
Hemisfério Sul o sol nunca se põe (fenômeno chamado de “Sol da
meia-noite”) e a temperatura média é de – 20 ºC, com sensação térmica de
– 41 ºC.
Simões disse que o equipamento funcionará de forma sustentável, com
energia eólica (ventos) e painéis solares. “Mas os painéis ficarão
desativados a partir de março, quando a região fica totalmente
escurecida”.
Análise
De acordo com o pesquisador, o módulo, que também mede a quantidade de dióxido de carbono na região, verificou a concentração de 385 partículas por milhão (ppm) de CO2, quantidade que é 40% maior aos níveis pré-industriais.
De acordo com o pesquisador, o módulo, que também mede a quantidade de dióxido de carbono na região, verificou a concentração de 385 partículas por milhão (ppm) de CO2, quantidade que é 40% maior aos níveis pré-industriais.
“Nós também já constatamos a presença de carbono negro, presente na
fuligem que é subproduto de queimadas e uso de combustível fóssil. Isto
está chegando cada vez mais na Antártida e queremos investigar o fato”,
explica Simões. Outra parte importante da pesquisa está ligada ao
aquecimento da região periférica do continente.
“Sabemos que já ocorre o derretimento das geleiras e também a migração
de animais. São sinais da mudança climática. Mas pesquisas apontam que o
centro da Antártida está esfriando, enquanto as bordas estão
esquentando. Isso pode ter influência do buraco na Camada de Ozônio. O
Criosfera 1 vai contribuir com pesquisas internacionais sobre o tema e
reforça a participação do Brasil no Tratado da Antártida, que decide o
futuro de 10% de área do planeta Terra”, complementa.
Dificuldades
Os dez pesquisadores permanecem no interior da Antártida até o dia 20, retornando para Punta Arenas, no Chile, no dia 22 e, posteriormente, para o Brasil. Enquanto isso, enfrentam um cotidiano difícil.
Os dez pesquisadores permanecem no interior da Antártida até o dia 20, retornando para Punta Arenas, no Chile, no dia 22 e, posteriormente, para o Brasil. Enquanto isso, enfrentam um cotidiano difícil.
“Aqui não tem como seguir um horário específico, já que estamos perto
do Polo Sul e é dia o tempo todo. Por isso, definimos seguir o fuso do
Chile (uma hora a menos que o horário de Brasília). Os dez (cientistas)
ficam divididos em cinco barracas, a uma temperatura de – 7 ºC no
interior delas. São ao menos dez horas de trabalho por dia”, comenta.
Segundo o professor Simões, roupas e óculos especiais protegem a equipe
do frio e dos reflexos do sol na neve, que podem prejudicar a visão
humana. “O mais difícil mesmo é sair do saco de dormir”, comenta.
Após o retorno do grupo, o módulo antártico vai enviar informações
automáticas para o Inpe, em São José dos Campos (SP). No fim de 2012,
uma nova expedição irá ao local para verificar os instrumentos e coletar
dados que não foram transmitidos.
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