quinta-feira, 1 de março de 2012

Telescópio ajuda a desvendar vida extraterrestre ao olhar para a Lua


Uma equipe internacional de astrônomos desenvolveu uma nova técnica para determinar indícios de vida em outros planetas por meio da qual analisa a luz terrestre refletida na Lua, o que poderia superar dificuldades de métodos convencionais.
Os resultados do teste foram publicados na revista científica "Nature". O método estudou a Terra como se ela estivesse fora do Sistema Solar. A observação foi feita por meio do reflexo que o planeta projeta sobre seu satélite natural.
A equipe observou o fenômeno com o telescópio de longo alcance VLT, situado no deserto do Atacama, no Chile.
Lua na região do telescópio VLT, no Chile, refletindo parte da luz que a Terra recebe do Sol. (Foto: ESO/B. Tafreshi/TWAN)
Lua na região do VLT, no Chile, refletindo parte da luz que a Terra recebe do Sol. 
O sol brilha sobre a Terra e sua luz se reflete por sua vez sobre a superfície lunar. Isso faz o satélite atuar como se fosse um grande espelho, que devolve a luz de volta para a Terra, segundo explicou Michael Sterzik, pesquisador do Observatório Europeu Austral e principal autor do estudo.
Os investigadores procuraram indicadores, como por exemplo certas combinações de gases na atmosfera terrestre, que são considerados indícios de vida orgânica, como a presença simultânea de metano, vapor de água e oxigênio.Ao contrário de pesquisas anteriores, a nova técnica explora a polarização. Quando a luz se polariza seus campos magnético e elétrico têm uma orientação determinada (as ondas vibram numa direção concreta).
Precisamente, o que os investigadores mediram neste trabalho é como luz se polariza dependendo da superfície sobre a qual se reflete, explicou Enric Pallés, do Instituto de Astrofísica das Canárias (IAC), que também faz parte do estudo.
O gelo, as nuvens, a terra ou os oceanos podem fazer a superfície se polarizar em graus e cores determinadas.
O grupo analisou a luz que refletia a Terra sobre a Lua como se fosse a primeira vez que vissem o planeta e essa luz indicou que a atmosfera terrestre é parcialmente nublada, que parte de sua superfície está coberta por oceanos e outro "dado crucial": existe vegetação.
Os cientistas puderam inclusive detectar mudanças que se produzem na cobertura das nuvens da Terra e na quantidade de vegetação em diferentes partes do planeta (tudo isso com o reflexo sobre a Lua).
Esta nova forma de buscar vida extraterrestre busca superar métodos convencionais: a luz de um planeta distante é muito difícil de se analisar porque é eclipsada pelo brilho da estrela que o ilumina.
Para Stefano Bagnulo, pesquisador do Observatório de Armagh, no Reino Unido, a tentativa "é comparável a observar um grão de pó junto a uma lâmpada potente".
No entanto, o reflexo do planeta sobre seu satélite está orientado numa direção, o que permite sua análise de forma simples mediante técnicas que separam a luz polarizada da não polarizada.
Na sede do Observatório Austral Europeu em Garching, na Alemanha, analistas disseram que a descoberta pode contribuir para futuros descobrimentos em outros lugares do Universo.
"Se existe vida fora do Sistema Solar, encontrá-la depende exclusivamente da existência de técnicas adequadas", disse Pallés. Ele afirma que daqui a 10 ou 12 anos, o metódo poderia ser utilizado em telescópios.
A equipe do IAC admitiu que este novo "método não revelará dados sobre homenzinhos verdes ou vida inteligente, mas sua aplicação nas novas gerações de telescópios mais potentes poderia facilmente brindar a humanidade com a notícia de que há vida além de seu planeta".

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