Numa velocidade que ele mal poderia imaginar, documentos privados e pensamentos íntimos de Albert Einstein em breve estarão chegando à internet – o que inclui devaneios políticos, cartas secretas a sua amante e um rabisco da fórmula "E=mc2".
Passados 57 anos da morte do físico ganhador do Nobel, uma universidade israelense que o teve como cofundador disponibiliza a partir de segunda-feira pela internet cerca de 80 mil documentos que Einstein legou à instituição em testamento.
Mas igualmente curioso é o lote com duas dúzias de cartas, previamente publicadas, que Einstein escreveu para aquela que seria a sua segunda mulher – numa época, porém, em que ele ainda estava casado em primeiras núpcias. Outro documento curioso é a idealista proposta de 1930 para a criação de um "conselho secreto" entre judeus e árabes para levar a paz ao Oriente Médio.
No momento, estão disponíveis apenas alguns documentos anteriores a 1923, quando Einstein tinha 44 anos. O site contém a digitalização dos textos originais, escritos em alemão, com notas e traduções em inglês.
Hanoch Gutfreund, chefe da comissão que supervisiona o arquivo, disse que o site "vai ser não só algo para satisfazer a curiosidade dos curiosos, mas será também uma grande ferramenta de educação e pesquisa para acadêmicos".
Um dos únicos três manuscritos que contêm a fórmula de Albert Einstein, 'E=mc2', a Teoria da Relatividade, é exibido com outros documentos na universidade
Vida pessoal
Ele admitiu que, no caso de alguns itens muito pessoais, os arquivistas debateram a conveniência de divulgá-los. Isso inclui as 24 cartas de amor que o cientista escreveu à sua prima Elsa, com quem ele teve um romance de vários anos até finalmente se divorciar da primeira esposa, Mileva Maric. Albert e Elsa Einstein se casariam em 1919. "Se você deixa um tempo suficiente transcorrer, então é 'kosher'", disse Gutfreund, usando um termo religioso judaico para indicar que algo é adequado ao consumo.
O site ainda não inclui – mas está exposta na universidade – a carta em alemão que Einstein remeteu ao jornal árabe "Falastin", propondo a criação de um "conselho secreto" para contribuir com o fim do conflito entre árabes e judeus na Palestina, então um protetorado britânico.
Einstein propunha um comitê com oito judeus e árabes – um médico, um jurista, um sindicalista e um clérigo de cada lado –, que fariam reuniões semanais. "Embora esse 'Conselho Secreto' não tenha autoridade fixada, ele irá afinal levar a um Estado em que as diferenças serão gradualmente eliminadas", escreveu Einstein. "Essa representação irá se erguer por sobre a política da época".
O cientista, que trocou a Alemanha nazista pelos EUA, foi um tradicional apoiador da comunidade judaica na Palestina. Mas ele às vezes demonstrava certa ambiguidade com relação ao Estado de Israel, instituído durante a guerra de 1948. Em 1952, ele rejeitou uma oferta para se tornar presidente do país, um cargo protocolar.
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