terça-feira, 11 de setembro de 2012

Novo recorde de teletransporte quântico



O experimento, realizado entre dois observatórios astronômicos, dependeu de estritas condições ambientais para que pudesse ser realizado sem interferências


Teletransporte de propriedades
Foi batido um novo recorde de distância no teletransporte quântico, reproduzindo as características de uma partícula de luz a 143 quilômetros de distância de onde se encontrava a partícula original.
A equipe da Áustria, Canadá, Alemanha e Noruega foi financiada pela ESA (agência espacial europeia).
O experimento conseguiu transferir as propriedades físicas de uma partícula de luz, um fóton, a outro fóton, por teletransporte quântico.
A transferência cobriu os 143 Km que separam o telescópio Jacobus Kapteyn, na ilha de La Palma, nas Canárias, e a Estação Óptica de Terra, em Tenerife.
O recorde anterior, pertencente a uma equipe chinesa, era de 97 km.


Entrelaçamento entre fótons
Para que o teletransporte quântico seja possível, as duas partículas devem "entrelaçar-se" - compartilhar as propriedades físicas por meio de um fenômeno conhecido como entrelaçamento quântico.
Com o entrelaçamento, a medição de uma determinada propriedade física, como a polarização ou o spin, irá gerar o mesmo resultado nas duas partículas, independentemente da distância que se encontram uma da outra, e sem que se transfira fisicamente qualquer outro sinal entre elas.
Ou seja, ao contrário do teletransporte da ficção científica, a partícula não é "desmaterializada" em um ponto e novamente materializada noutro: ainda que a original desapareça, apenas as propriedades da partícula são transferidas, não há transferência de matéria.
Albert Einstein referiu-se ao fenômeno do entrelaçamento quântico como uma "ação fantasmagórica à distância", mas hoje este fenômeno físico está bem documentado e é fundamental para as futuras gerações de computadores quânticos, baseados no teletransporte de bits quânticos ou 'qubits'.
O fenômeno também é a base da criptografia quântica, que muitos ainda defendem como sendo inviolável.

Criando fótons entrelaçados
Além de detectores de fótons muito sensíveis, os relógios nas estações de origem e de destino tiveram que ser sincronizados com uma precisão de 3 bilionésimos de segundo.
Com isto, os cientistas asseguraram-se de que os fótons corretos estavam sendo detectados.
Os dois telescópios estão localizados em terreno vulcânico, a 2.400 metros de altura, e devem fazer frente a condições meteorológicas desafiadoras para este tipo de medição - as equipes tiveram que esperar quase um ano, depois da falha de uma primeira tentativa, devida ao mau tempo.
O experimento foi realizado em maio, mas só agora o artigo científico descrevendo a quebra do recorde de distância do teletransporte quântico foi publicado.

Teletransporte espacial
"O passo seguinte será conseguir o teletransporte com um satélite em órbita, para demonstrar que a comunicação quântica é possível em escala global", disse Rupert Ursin, da Academia Austríaca de Ciências.
O interesse da ESA é demonstrar que é possível usar o teletransporte quântico para futuras missões espaciais.
"Este efeito encurta o caminho até às comunicações quânticas a longa distância," explicou Eric Wille, supervisor do projeto.
O teletransporte quântico pode aumentar a segurança da informação, mas não sua velocidade.
Apesar da informação de uma partícula afetar a outra instantaneamente, por meio do entrelaçamento quântico, a informação só pode ser totalmente reconstruída no ponto B usando dados adicionais transmitidos por métodos convencionais a partir do ponto A - ou seja, a informação não viaja mais rápido do que a luz.

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