sexta-feira, 3 de maio de 2013

Telescópio Fermi usa propulsores para se desviar de lixo espacial


Telescópio de raios-gama Fermi, que fez manobra para desviar-se de um satélite soviético desativado
Telescópio de raios-gama Fermi, que fez manobra para desviar-se de um satélite soviético desativado

A Nasa divulgou os bastidores de uma história que quase culminou na destruição do Telescópio Espacial Fermi, equipamento usado para mapear o espaço por meio da radiação gama. O vilão era o satélite espião soviético Cosmos 1805, na órbita da Terra desde a Guerra Fria, mas hoje uma sucata que viaja a uma velocidade 20 vezes maior que de um tiro de arma de fogo. No fim de março do ano passado, cientistas da agência espacial americana responsáveis pelo telescópio tiveram que usar, pela primeira vez, um sistema de propulsores para desviar o equipamento.
O episódio traz à tona mais uma vez a discussão sobre os milhares de objetos que vagam em nossa órbita de forma desgovernada, chamados de lixo espacial.
Quando Julie McEnery, uma das cientistas responsáveis pelo Fermi, recebeu um relatório do Departamento de Defesa dos EUA indicando que o telescópio estava a apenas uma semana de passar a pouco mais de 300 metros da sucata russa, ela contou ter ficado surpresa:
- Minha reação imediata foi: ‘Uau, isso é diferente de tudo que já vimos antes!’
Apesar da distância em que passariam, não havia muita chance de contar com a sorte. Os dois objetos ocupariam o mesmo lugar no espaço em uma diferença de apenas 30 milésimos de segundo. E o precedente era ruim. Em 10 de fevereiro de 2009, um estudo revelou que o Cosmos 2251, um satélite de comunicações russo desativado, passaria a cerca de 1.900 metros do satélite de comunicações Iridium 33 naquele dia. Na hora programada da aproximação, o Iridium 33 se perdeu para sempre. Foi o primeiro caso de colisão de satélites, e radares confirmam que nuvens de detritos viajam ainda hoje ao longo da órbita usada por missões espaciais.
Mas com o Fermi, a história foi diferente. Os cientistas no comando do telescópio acionaram o sistema de propulsores que, quando instalados, só estavam previstos para serem usados quando o Fermi terminasse sua vida útil e fosse mandado para a desintegração pelo choque com a atmosfera.
Apenas no ano passado, uma equipe da Nasa preparada apenas para avaliar risco a seus objetos no espaço fizeram outras sete missões anticolisão.

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