Aglomerados globulares e nebulosas espirais

Por volta da época em que Kapetyn publicou seu modelo para a Via Láctea, seu colega Harlow Shapley percebeu que uma forma de aglomerado de estrelas chamado aglomerado globular tinha distribuição única no firmamento. Ainda que poucos aglomerados globulares estivessem presentes na faixa de luz da Via Láctea, havia muitos deles acima e abaixo dessa região. Shapely decidiu mapear a distribuição dos aglomerados globulares e medir suas distâncias usando marcadores estelares variáveis no interior dos aglomerados e a relação distância/luminosidade (ver abaixo). Shapley constatou que os aglomerados globulares estavam dispostos em distribuição esférica e concentrados próximos à constelação de Sagitário. Shapley concluiu que o centro da galáxia devia ficar próximos da constelação de Sagitário, e não do Sol, e que a Via Láctea tinha cerca de 100 quiloparsecs de diâmetro.
Shapley se envolveu em um grande debate sobre a natureza das nebulosas espirais (traços de luz pouco intensa visíveis no céu noturno). Ele acreditava que elas constituíam "universos-ilha", ou galáxias, localizadas fora da Via Láctea. Outro astrônomo, Heber Curtis, acreditava que as nebulosas em espiral fossem parte da Via Láctea. As observações das estrelas variáveis Cefeidas por Edwin Hubble, enfim, decidiram o debate - as nebulosas ficavam realmente fora da Via Láctea.
Mas restavam questões. Que forma tinha a Via Láctea e o que exatamente existia em seu interior?
Relação distância/luminosidade
Astrônomos profissionais e amadores podem medir o brilho de uma estrela colocando um fotômetro ou dispositivo de carga acoplada em seus telescópios. Caso conheçam o brilho da estrela e a distância até ela, podem calcular a quantidade de energia que a estrela emite, ou sua luminosidade (luminosidade = brilho x 12,57 x (distância)2). É igualmente possível, caso a luminosidade de uma estrela seja conhecida, calcular a distância entre ela e a Terra. Certas estrelas - como as RR Lyrae e as variáveis Cefeidas - podem servir como padrões de luminosidade. Elas alteram seu brilho regularmente e a luminosidade que geram está diretamente relacionada ao período em seu ciclo de brilho.
Para determinar as luminosidades de aglomerados globulares, Shapley mediu os períodos de brilho das estrelas RR Lyrae nos aglomerados. Assim que ele determinou as luminosidades, pôde calcular a distância entre elas e a Terra. Veja Como funcionam as Galáxias para determinar de que maneira o astrônomo Edwin Hubble empregou técnica semelhante com relação às estrelas variáveis Cefeidas a fim de determinar que as nebulosas espirais estavam além dos limites da Via Láctea.