Pode faltar alimento para abastecer população mundial até 2050, diz ONU
A rápida expansão populacional, a mudança climática e a degradação dos
recursos hídricos e fundiários devem tornar o mundo mais vulnerável à
insegurança alimentar, com o risco de não ser possível alimentar toda a
população até 2050, disse a FAO (agência da ONU para alimentação e agricultura)
nesta segunda-feira (28).
Nas próximas quatro décadas a população mundial deve saltar de 7 para 9
bilhões de pessoas, e para alimentá-las seria preciso uma produção adicional de
1 bilhão de toneladas de cereais e 200 milhões de toneladas de carne por
ano.
A introdução da agricultura intensiva nas últimas décadas ajudou a alimentar
milhões de famintos, mas muitas vezes levou à degradação da terra e dos produtos
hídricos, segundo a FAO.
"Esses sistemas em risco podem simplesmente não ser capazes de contribuir
conforme o esperado para atender às demandas humanas até 2050", disse o
diretor-geral da FAO, Jacques Diouf. "As consequências em termos de fome e
pobreza são inaceitáveis. Ações paliativas precisam ser tomadas agora."
Segundo o relatório, intitulado "Estado dos Recursos Hídricos e Fundiários do Mundo para a Alimentação e a Agricultura", um quarto das terras aráveis do mundo está altamente degradada, 8% está moderadamente degradada, 36% ligeiramente degradada ou estável e apenas 10% está apresentou alguma melhora.
A escassez de água também vem se agravando, devido a problemas de salinização
e poluição dos lençóis freáticos e de degradação de rios, lagos e outros
ecossistemas hídricos. O uso da terra para fins industriais e urbanos também
agrava o problema alimentar mundial.
De acordo com a FAO, cerca de 1 bilhão de pessoas estão atualmente
desnutridas, sendo 578 milhões na Ásia e 239 milhões na África Subsaariana. Nos
países em desenvolvimento, mesmo que a produção agrícola dobre até 2050, 5% da
população continuaria desnutrida (370 milhões de pessoas).
Para que a fome e a insegurança alimentar recuem, a produção de alimentos
precisaria crescer num nível superior ao da população. Isso, acrescenta o
relatório, teria de ocorrer principalmente nas áreas já utilizadas para a
agricultura, com um uso mais intensivo e sustentável da terra e da água.
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