Planeta segue rumo a aquecimento de 3,5ºC, diz estudo
Enquanto negociadores de quase 200 países tentam chegar a um acordo climático
para redução de emissões de gases do efeito estufa, um estudo divulgado nesta
terça-feira em Durban, na África do Sul, indica que, mesmo cumprindo as metas
atualmente propostas pelos principais poluidores, o planeta deve ter um
aquecimento de 3,5ºC.
Nos Acordos de Cancún, além de prometer metas de redução de emissões
voluntárias, os países assumiram o compromisso de manter o aquecimento global
abaixo de 2ºC, patamar considerado seguro pela ciência atual.
Acima desta elevação de temperatura, as consequências para o planeta podem
ser potencialmente catastróficas, segundo os cientistas.
O estudo Rastreador de Ação Climática, uma iniciativa alemã da consultoria
Ecofys em parceria com o Instituto de Pesquisas sobre o Impacto do Clima de
Potsdam e a organização não-governamental Climate Analytics, também recomenda a
tomada de ações mais ambiciosas para manter mais baixos os custos de redução de
emissões.
'Quanto mais esperarmos, mais caro vai ficar. Se as metas só forem revisadas
em 2015 ou mais tarde, as oportunidades de mitigação caem drasticamente',
afirmou o diretor de Política Climática e Energética da Ecofys, Niklas
Höhne.
Com outras pesquisas recentes indicando um salto na emissão de dióxido de
carbono, (CO2), nos últimos anos, seriam necessárias medidas urgentes para
seguir as recomendações dos estudiosos.
De acordo com o diretor da Climate Analytics, Bill Hare, o mundo teria que
atingir o seu pico de emissões antes de 2020 para então entrar em um caminho
seguro.
'Atualmente, emitimos cerca de 50 gigatoneladas de carbono equivalente
(GtCO2-eq) - medida que leva em consideração todos os gases que provocam o
efeito estufa - por ano. Em 2020, teríamos que estar em 44 GtCO2-eq ', afirmou
Hare.
Mudança no estudo
O Rastreador de Ação Climática traça perfis individuais dos países. No caso
do Brasil, os pesquisadores recomendam a mudança na linha base usada para
calcular a redução de emissões prevista na lei de mudança climática já em
vigor.
A redução de 36,1% a 38,9% estabelecida na lei deve ser calculada a partir
das emissões previstas para 2020. O problema, segundo o estudo, é que essa
previsão de emissões era mais baixa na proposta original do que na que foi
enviada e aprovada pelo Congresso.
A diferença foi provocada pela inclusão de novas fontes de emissão no
histórico usado para o cálculo e por aumento nas previsões de emissões
provenientes de desmatamento e outras fontes.
Com isso, se nada for feito, o Brasil chegaria a 2020 produzindo cerca de 500
milhões de toneladas de CO2 equivalente a mais que na proposta original, segundo
o estudo.
Mesmo assim, as ações climáticas do país são classificadas como 'médias'.
Em Durban, nem os mais otimistas esperam que seja produzido um acordo que
vincule os países obrigatoriamente às metas resumidas no documento aprovado em
2010, em Cancún.
Até o momento, negociadores dão a entender que, na melhor das hipóteses,
seria produzido um documento com indicações de como o processo seria conduzido
até 2015.
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