segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Cada pêlo de uma aranha saltadora funciona como uma “orelha” independente 

A aranha saltadora usa seus olhos grandes - assim como os seus pêlos - para caçar suas presas.
Aranhas e seus minúsculos pêlos têm intrigado pesquisadores há décadas, mas uma equipe de cientistas pode ter encontrado uma resposta. Eles sugerem que cada pêlo age como um ouvido único, independente - e não uma rede de orelhas, como se pensava anteriormente. "Ninguém tinha olhado para estes pêlos da maneira certa” disse o físico Brice Bathellierdo do Instituto de Patologia Molecular em Viena. "Mas a natureza otimiza. Os animais evoluem sob condições rigorosas ", disse Bathellier. "Por isso, os pêlos emitem sinais de alertas para os animais”.
Tricobótrios são pelos finos encontrados em aranhas, insetos e outros animais com exoesqueleto. Eles são tão sensíveis que alguns podem pegar o movimento do ar a um décimo de bilionésimo de um metro, mais ou menos a largura de um átomo, permitindo que os animais sintam a presença de predadores e presas nas proximidades. (Grilos e moscas, por exemplo, têm tufos de pelos em seus traseiros para detectar inimigos rondando.)
Aranhas caçadoras não só podem assistir a todos os movimentos de sua presa, mas eles podem senti-los através do ar.
                                    Tricobótrios de uma aranha de caça. 

Pesquisadores acreditavam que os pêlos agem como os encontrados na cóclea do ouvido humano. Nesse órgão, uma floresta de diferentes comprimentos e espessuras de pêlos quebra as ondas sonoras de entrada em pedaços discretos, ao invés de pegar uma grande variedade. Mas Bathellier disse que quase toda a investigação centrou-se na distância que as ondas sonoras balançam os pêlos e não sobre o quão rápido eles se movem.
Para medir a velocidade dos pêlos de uma aranha, Bathellier e seus colegas colocaram aranhas caçadoras e grilos aprisionados em uma caixa de vidro selada, com um alto-falante. Em seguida, eles ‘pintaram’ uma folha de laser com gotas microscópicas de óleo. Então, uma câmera de vídeo gravou a partículas de óleo em movimento em torno dos pêlos. Mais tarde, um programa de computador deduziu a velocidade das gotículas de óleo se movimentando sobre os pêlos e foi constatado que "estes pêlos operam nos limites físicos de sensibilidade através de uma gama muito mais ampla de frequências", disse Bathellier.
Os pêlos respondem melhor a sons entre aproximadamente 40 Hz, um estrondo baixo, e 600 Hz, uma buzina de carro (ouvidos dos seres humanos podem detectar entre 20 Hz e 20 mil Hz). "Eles funcionam como filtros sonoros ou microfones, não são como os pelos do ouvido humano", disse Bathellier.
Como efeito, cada pêlo é uma única “orelha”, que filtra o ruído de fundo e se concentra em informações biologicamente relevantes. Determinar como as centenas, às vezes milhares, de orelhas trabalham juntas é o próximo estudo na lista da equipe de pesquisa.
"O sistema nervoso de um grilo responde à ameaça impiedosa de uma aranha", disse Bathellier. "Da mesma forma, nós queremos observar como o sistema nervoso de uma aranha responde a sinais de uma rapina”.

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