sábado, 10 de dezembro de 2011

Primeira viagem de empresa privada à estação espacial será em fevereiro
 A Nasa, agência espacial americana, anunciou nesta sexta-feira (9) que a nave Dragon, da companhia SpaceX, realizará em fevereiro de 2012 a primeira missão comercial não tripulada para abastecer a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).
O responsável do Diretório de Operações e Prospecção Humana da Nasa (HEO, em inglês), Bill Gerstenmaier, assinalou que a SpaceX fez "progressos incríveis" nos últimos meses para que a Dragon esteja pronta para sua missão à ISS, prevista para o dia 7 de fevereiro.
Gesternmaier assinalou que "ainda resta uma parte importante de trabalho crítico" antes do lançamento. Porém, ele acredita que os especialistas da companhia dirigida pelo empresário Elon Musk "têm um bom plano para completá-lo e estão preparados para superar imprevistos".
O representante da Nasa ressaltou que, "como qualquer outro lançamento", esse está sujeito a alterações na data, caso necessário, para dar tempo de analisar melhor as provas e garantir a segurança e o êxito da missão.
"Estamos desejando ver uma missão bem-sucedida, que abrirá uma nova era do transporte de carga comercial ao laboratório internacional orbital", disse em comunicado.
A cápsula Dragon realizou sua primeira viagem ao espaço em dezembro do ano passado, no qual completou com sucesso duas órbitas ao redor da Terra, nas quais os controladores submeteram à aeronave a diferentes manobras.
SpaceX lançamento 1 (Foto: Nasa)Primeiro lançamento da Dragon, cápsula da SpaceX, em dezembro de 2010 (Foto: Nasa)
O voo
Durante a missão à ISS, a nave realizará uma série de testes para comprovar o funcionamento de seus sistemas antes de chegar à estação.
A cápsula realizará primeiro um voo de reconhecimento ao redor da estação quando estiver a uma distância aproximada de 3,2 quilômetros para garantir o funcionamento dos sensores e os sistemas com os quais se acoplará ao complexo espacial e ter tempo de anular o acoplamento em caso de algo não funcionar.
Uma vez comprovados todos os procedimentos, os astronautas na ISS utilizarão o braço robótico da estação para ajudar a cápsula a se acoplar no lado do módulo Harmony.
A Nasa apostou no setor privado para realizar os voos de carga e, no futuro, as missões tripuladas até a estação espacial. A agência pretende se concentrar na prospecção espacial e preparar-se para viajar para novos destinos, como um asteroide e Marte.
Companhias como a SpaceX, Boeing e Sierra Nevada competem para ser as primeiras a projetar uma nave que substitua os ônibus espaciais que a Nasa retirou de uso no mês de julho, após 30 anos de serviço.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Cientistas descobrem primeiro lençol da história, feito há 77 mil anos

Cientistas encontraram na África do Sul vestígios do primeiro lençol da história da humanidade. A conclusão veio da análise de 15 fósseis diferentes, de plantas usadas entre 38 mil e 77 mil anos atrás, em estudo publicado na edição desta sexta-feira (9) da revista “Science”. O material estava no sítio arqueológico de Sibudu, na região sudeste do país
A descoberta é 50 mil anos mais antiga que qualquer outro vestígio de lençóis de que se tenha notícia. Além disso, é mais uma informação importante sobre como se comportavam os humanos modernos em sua origem.
Os primeiros indivíduos de nossa espécie – Homo sapiens – surgiram há cerca de 200 mil anos, no sul da África, e começaram a se espalhar pelo mundo aproximadamente 50 mil anos atrás.
Esse lençol pré-histórico consistia em um entrelaçado de raízes e folhas, com um centímetro de espessura e uma área que podia chegar a três metros quadrados. Ele era revestido por folhas de uma espécie de marmeleiro, que contêm uma substância química capaz de repelir mosquitos.
A planta ainda é usada pelos atuais habitantes da África do Sul na confecção de colchões (Foto: Prof. Lyn Wadley/Divulgação)A planta ainda é usada pelos atuais habitantes da África do Sul na confecção de colchões
Multiuso
“A seleção dessas folhas para a confecção de cobertores sugere que os primeiros habitantes de Sibudu tinham um profundo conhecimento das plantas em redor da gruta, e tinham consciência de seus usos medicinais. Remédios naturais teriam oferecido vantagens à saúde humana, e o uso de plantas repelentes acrescenta uma nova dimensão à nossa compreensão do comportamento humano 77 mil anos atrás”, afirmou em nota Lyn Wadley, da Universidade de Witwatersrand, em Joanesburgo, que liderou a equipe de pesquisa.
“Esse lençol não era usado só para dormir, mas oferecia também uma superfície confortável para viver e trabalhar”, completa a pesquisadora.
Foram encontrados ainda outros vestígios que mostram que os lençóis se tornaram gradualmente mais comuns na região. Com o tempo, eles passaram a ser queimados depois de perder a função original.
“Eles colocavam fogo nos lençóis usados, possivelmente como uma forma de remover pestes. Isso prepararia o local para ocupações futuras e representa um uso ainda desconhecido do fogo para a manutenção de um local de ocupação”, diz Christopher Miller, da Universidade de Tübingen, na Alemanha, responsável pela análise microscópica do material.
Nasa encontra em Marte mineral que parece ter sido depositado pela água
 O jipe-robô Opportunity, usado pela Nasa para explorar o solo de Marte, encontrou uma trilha de um mineral que parece ter sido depositado pela água. Os cientistas acreditam que a análise do material vai trazer nova compreensão sobre a história dos ambientes úmidos marcianos.
O Opportunity foi lançado em 2004, junto a outro jipe-robô, o Spirit, que não está mais em atividade. Os dois já levaram a importantes descobertas sobre o solo do planeta vermelho, revelando que o ambiente pode ter sido favorável ao surgimento de micróbios.
A trilha encontrada pelo veículo da Nasa na cratera Endeavour tem entre 1 cm e 2 cm de largura, por algo entre 40 cm e 50 cm de comprimento. O aparelho aponta que o solo tem cálcio e enxofre, e os cientistas acreditam que o mineral seja a gipsita, usada na produção de gesso.
“É um depósito químico relativamente puro que se formou no local em que o vemos. Isso não pode ser dito para outras amostras de gipsita em Marte nem para outros minerais relacionados à água que o Opportunity já encontrou. Não é incomum na Terra, mas, em Marte, é o tipo de coisa que faz um geólogo levantar da cadeira”, diz Steve Squyres, da Universidade Cornell, pesquisador do projeto.
Mineral, provavelmente gipsita, encontrado pelo Opportunity no solo de Marte (Foto: Nasa/JPL-Caltech/Cornell/ASU)Mineral, provavelmente gipsita, encontrado pelo Opportunity no solo de Marte

Matemática revela conexão entre a música e uma teia de aranha

 

Relação entre forma e função
Cientistas descobriram uma relação matemática que mostra uma analogia precisa entre a estrutura física da teia de aranha e a estrutura sonora de uma música.
Isto prova, segundo eles, que a estrutura de cada uma delas tem uma relação similar com a sua função.
Ou seja, a "lei" matemática que descreve a relação entre as proteínas que formam a teia de aranha e suas propriedades de resistência e leveza é a mesma que descreve a relação entre as notas musicais e o efeito que a música exerce sobre o ouvinte.
Além das claras implicações filosóficas da descoberta, a metodologia matemática poderá guiar os cientistas na sintetização de novos materiais.
Esses materiais poderão ser criados para atender a necessidades específicas, por meio da repetição de padrões de estruturas menores, da mesma forma que as proteínas são reunidas para forma a teia de aranha, ou as notas musicais são reunidas para formar uma melodia.
Da teoria à prática
Mas o que têm em comum uma teia de aranha e uma melodia?
Para descobrir isto, os pesquisadores fizeram uma comparação passo a passo que começou com os blocos fundamentais de cada um deles - um aminoácido e uma onda sonora - e foi até um segmento de fio de seda e uma canção simples.
A conclusão de David Spivak, Markus Buehler e Tristan Giesa parece surrealista.
Segundo eles, os padrões estruturais das proteínas estão diretamente relacionados com a leveza e a resistência da teia de aranha, da mesma forma que a "tensão sônica" das notas da canção está relacionada com a resposta emocional induzida no ouvinte.
Ao encontrar similaridades com exatidão matemática entre coisas tão diferentes, os pesquisadores demonstraram que sua metodologia pode ser usada para a comparação de descobertas científicas em áreas diferentes.
O trabalho também sugere que os engenheiros poderão ampliar seu conhecimento dos sistemas biológicos estudando a relação existente entre a forma e a função de cada elemento.
Finalmente, e de forma mais prática, o trabalho abre a perspectiva de que, de posse de uma necessidade - por exemplo, um material com propriedades específicas para atender a uma determinada função - os engenheiros possam sintetizá-lo repetindo padrões simples já encontrados na natureza.
Modificar o ambiente
A conexão entre a forma e a função de um material é estabelecida por um mecanismo chamado "log ontológico", ou olog.
Um olog é um meio abstrato de categorizar as propriedades gerais de um sistema - seja ele um material, um conceito matemático ou um fenômeno - revelando as relações inerentes entre sua estrutura e sua função.
"Há indícios crescentes de que padrões similares de estruturas materiais em nanoescala, tais como aglomerados de ligações de hidrogênio ou estruturas hierárquicas, governam o comportamento dos materiais no ambiente natural," afirma Buehler.
Segundo ele, o estudo permitiu então "compilar informações sobre o funcionamento dos materiais de forma matematicamente rigorosa e identificar os padrões que são universais para uma grande classe de materiais."
"Seu potencial para modificar o ambiente - no projeto de novos materiais, estruturas ou infra-estrutura - é imenso," conclui o pesquisador.

Rede de sensores mapeia raios em 3D

 O site do projeto é atualizado a cada seis minutos, mostrando a ocorrência dos raios na área abrangida pelos sensores

 

Raios em 3D
Pesquisadores do projeto Chuva estão começando a compilar mapas em 3D dos raios que caem no Brasil.
Uma rede de sensores de detecção de raios já está monitorando desde outubro as descargas atmosféricas em uma área de 150 quilômetros (km) a partir da cidade de São Paulo, o que inclui toda a região metropolitana e o Vale do Paraíba.
Os sensores utilizados nas medições vêm de diversas agências espaciais (inclusive a NASA, dos EUA, e a DLR, da Alemanha) e ficam no Brasil até junho de 2012.
As medições dos raios são feitas em tempo real - as características coletadas são a latitude, a longitude e a altitude das descargas elétricas.
Dependendo do sistema utilizado para a medição, ainda é possível determinar a corrente elétrica de cada raio.
Com a integração destes sensores é possível emitir alertas de tempo e, em conjunto com as observações de um radar meteorológico, pode-se realizar previsões de curtíssimo prazo.
Previsão de tempo
Para que a previsão do tempo em curtíssimo prazo (com até duas horas de antecedência) seja possível, são necessários os dados coletados por essa rede de sensores, que agora mapeiam os raios e seu deslocamento.
"Integrá-los às medidas de radar e satélite meteorológico vai tornar possível entender como funcionam os raios no Brasil. A previsão de raios ainda não é possível, e nós estamos desenvolvendo o conceito e não fazendo a previsão, mas por fazermos medição em tempo real, conseguimos ver o seu deslocamento.
"Dessa forma, pode-se alertar a população sobre os riscos de descargas em uma determinada área. E os raios matam mesmo, essas são medidas que podem salvar vidas", explica Carlos Augusto Morales, professor da USP e um dos responsáveis pelo projeto.
O professor explica que há parceria com órgãos públicos (como prefeituras e defesa civil) para que os dados sejam melhor compreendidos e, dessa forma, utilizados da maneira mais adequada às suas realidades.
Os dados coletados pelo conjunto de sensores são públicos e estão disponíveis no endereço http://sigma.cptec.inpe.br/sosvale/. A coleta iniciou sua operação nessa época do ano para, propositalmente, abranger o verão, época que registra grande número de tempestades no País.
Antes e durante a chuva
Morales explica que as previsões do tempo podem ser feitas por intermédio de radares que detectam as nuvens que já estão chovendo ou por meio de radares de nuvem (que só observam a localização das nuvens e não a chuva).
Nesses sistemas, a previsão pode ser feita com no máximo duas horas de antecedência, mas só depois do início da chuva.
"A previsão do tempo não consegue captar a chuva. Com esses modelos que estamos desenvolvendo, chuva e raios são convertidos em informação que a previsão do tempo consegue entender. Com isso, vamos poder monitorar o Brasil inteiro e melhorar as previsões", acredita ele.
Segundo o professor, esses são modelos que ainda precisam ser testados, pois ainda não foram operacionalizados, sendo utilizados somente para pesquisa.
Em breve, o GPM contará com 8 satélites para medir as precipitações sobre o Brasil, que monitoram áreas de 25km2 a cada 3 horas. De acordo com o programa o GPM-Brasil, o lançamento do primeiro satélite meteorológico brasileiro deve ocorrer em 2015.
Projeto Chuva
O projeto Chuva é uma resposta ao projeto Global Precipitation Measurement (GPM-Brasil), da Agência Espacial Brasileira, cujo objetivo é validar a precipitação em todo o globo e lançar o primeiro satélite meteorológico brasileiro.
O projeto é coordenado por pesquisadores da USP, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e do Centro Técnico Aeroespacial (CTA).
Segundo Morales, há pessoas das mais diversas instituições envolvidas, já que é a primeira vez que a análise em 3D dos raios é feita no Brasil.
"Queremos ver se o sistema fica no País por mais um tempo, para que possam ser feitas medições em outros lugares", diz ele.

Menor circuito eletrônico do mundo revela poderes quânticos

 

Além da miniaturização
Engenheiros criaram aquele que pode ser o menor circuito eletrônico já fabricado.
O circuito é formado por dois fios separados por 15 nanômetros - o equivalente a cerca de 150 átomos.
A demonstração de uma funcionalidade eletrônica nessas dimensões tem um impacto direto sobre a velocidade e o consumo de energia dos circuitos eletrônicos como um todo, seja um processador de computador, uma TV ou um telefone celular.
Embora já existam diversos experimentos com circuitos moleculares e até com transistores atômicos, Guillaume Gervais e seus colegas fizeram uma ponte entre o mundo molecular e o mundo da eletrônica tradicional.
E o resultado foi muito além do que seria esperado de uma simples miniaturização.
Poderes quânticos
Os pesquisadores se surpreenderam ao descobrir que, colocados em tal proximidade, um dos nanofios exerce uma influência sobre o outro, fazendo-o assumir uma carga que pode ser positiva ou negativa.
Isto significa que a corrente elétrica que circula em um dos fios pode produzir uma corrente no outro fio que pode ter o mesmo sentido ou o sentido oposto - ou 0 ou um 1.
Esses "fios quânticos unidimensionais" funcionam em acordo com as leis da física quântica, mas alteram completamente o que se sabia sobre o funcionamento dos componentes eletrônicos conforme eles são miniaturizados.
Uma possível decorrência da descoberta é que o calor gerado no interior de um chip poderia ser capturado por nanofios colocados nas proximidades dos transistores, e usado para alimentar componentes adicionais ativos.
Ou seja, o calor dissipado por alguns componentes seria usado como alimentação de uma outra camada de componentes adicionais, que se somariam para otimizar o funcionamento do chip como um todo.
Ou, mais no futuro, chips nanoeletrônicos poderiam basear seu funcionamento integralmente nesses componentes quânticos.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Fotos da Nasa mostram efeitos do aquecimento global vistos do alto

Imagens de satélites da Nasa (a agência espacial americana) revelam os efeitos de fenômenos naturais no planeta, como enchentes e queimadas.
Segundo relatório da World Meteorological Organization, embora as temperaturas médias de 2011 tenham sido menores que as do ano anterior, os termômetros, ainda sim, estão acima da média histórica.
O satélite mostra campos cultivados embaixo d’água ao longo do rio Mississippi, na divisa com o estado americano do Missouri, em um período de cheia (Foto: Nasa)O satélite mostra campos cultivados embaixo d’água ao longo do rio Mississippi, na divisa com o estado americano do Missouri, em um período de cheia (Foto: Nasa)
De acordo com o documento, a América Central, por exemplo, deve ter o ano mais quente em 140 anos.
Para muitos cientistas, o desequilíbrio climático está por trás de fenômenos como a cheia histórica que colocou boa parte do Estado de Queensland, na Austrália, debaixo d'água.
As imagens mostram vastas áreas de Rockhampton, na Austrália, embaixo d’água em janeiro de 2011, em um das piores cheias da história do país (Foto: Nasa)As imagens mostram vastas áreas de Rockhampton, na Austrália, embaixo d’água em janeiro de 2011, em um das piores cheias da história do país
As imagens da Nasa também mostram as áreas de deslizamentos em Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, fortemente atingida por chuvas que deixaram quase 900 mortos no início deste ano.
A Nasa capturou uma série de deslizamentos nas montanhas da região serrana do Rio de Janeiro, vistas nas imagens tom amarelo do início do ano (Foto: Nasa)A Nasa capturou uma série de deslizamentos nas montanhas da região serrana do Rio de Janeiro, vistas nas imagens tom amarelo do início do ano
A imagem do satélite mostra o furacão Irene, em formato de redemoinho, apenas 28 minutos antes de a tormenta atingir Nova York, em agosto de 2011 (Foto: Nasa)A imagem do satélite mostra o furacão Irene, em formato de redemoinho, apenas 28 minutos antes de a tormenta atingir Nova York, em agosto de 2011
Núcleo gira mais rápido do que superfície em estrelas mais velhas

Um estudo publicado na edição desta quinta-feira (8) da revista científica “Nature” mostra que o núcleo de uma gigante vermelha gira cerca de dez vezes mais rápido do que a sua superfície. A equipe de Paul Beck, da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, afirma que a pesquisa vai ajudar na compreensão da evolução das estrelas.
Uma gigante vermelha é uma estrela já na fase final de sua evolução. É chamada de gigante devido a seu volume, mas a massa não é muito grande – chega a ser, no máximo, dez vezes maior que a do Sol.
Comparação dos tamanhos do Sol (esquerda) e de uma gigante vermelha (Foto: Paul Beck/KU Leuven)Comparação dos tamanhos do Sol (esquerda) e de uma gigante vermelha
O inchaço da fase final da vida de uma estrela acontece quando ela consome todo o hidrogênio presente no núcleo. A região central diminui, enquanto a crosta se expande e fica mais fria. Como uma forma de compensar essa diferença, o núcleo precisa girar mais rápido que a parte externa, afirma o estudo.
Recorte de uma gigante vermelha (Foto: Paul Beck/KU Leuven)Recorte de uma gigante vermelha
Pesquisa revela extrema vulnerabilidade às alterações climáticas no Himalaia 
 As mudanças de temperatura provocadas pelo aquecimento global estão afetando o equilíbrio nos picos gelados do Himalaia.

As montanhas mais altas são participantes ativas das mudanças climáticas no mundo, três pesquisas sobre o clima mundial revelaram que a elevação das temperaturas altera o equilíbrio da neve, gelo e águas dos picos.
A pesquisa que foi apresentada na XVII Comissão da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre a Mudança do Clima, em Durban (África do Sul), foi realizada na região montanhosa do Himalaia. O lugar foi escolhido por localizar as maiores montanhas do mundo, entre elas o Monte Evereste, a fim de proporcionar uma coleta de informações mais precisas e atuais por meio da extensão de geleiras que ali se encontram, assim como o padrão de queda da neve.
O diretor geral do Desenvolvimento Integrado das Montanhas (ICIMOD, na sigla em inglês), David Molden, afirma que "embora a região do Himalaia seja fisicamente imponente, é uma das áreas ecologicamente mais sensíveis do mundo". David também indica que esta situação apresenta uma ameaça para os 210 milhões de habitantes da região e os 1,3 milhão de pessoas que sobrevivem por meio dos sistemas fluviais da Ásia.
Biodiversidade
A região do Himalaia é o lar de 25 mil espécies de animais, segundo David Molden. O que destaca a região como rica em biodiversidade, maior que a da floresta Amazônica. No entanto, apesar da abundância dos recursos naturais, a pobreza na
região é notória. Países pertencentes à região do Himalaia representam 15% da migração total no mundo.
O diretor geral da ICIMOD lembra que os cumes das montanhas são conhecidos como terceiros polos, devido a ser o abrigo de 30% das geleiras do planeta. Uma pesquisa informa que na região são contabilizadas mais de 54 mil geleiras na região, o que corresponde a uma superfície de 60 mil km coberta de gelo.
Das 54 mil geleiras, apenas dez têm sido estudadas para determinar o ganho e a perda líquida, conhecida na comunidade científica como “balanço de massa”. Os relatórios indicam que houve uma perda de massa de aproximadamente o dobro entre os anos de 1980 e 2000.
Quando à redução no balanço de massa de cada país, estudos constataram que nos últimos 30 anos, 22% no Butão e 21% no Nepal. A pesquisa também revela que as geleiras do planalto tibetano estão recuando mais rapidamente do que as geleiras do Himalaia central, devido à sua estrutura e ao acúmulo de resíduos, o local tem um efeito isolante.
A diminuição geral da cobertura de neve, nas geleiras que concedem luz aos dez principais sistemas fluviais do mundo, na última década é preocupante. São oitos países da Ásia: Afeganistão, Blangadesh, Butão, China, Índia, Mianmar, Nepal e Paquistão.
Caranguejo Yeti cultiva comida em seus próprios braços 
  A mil metros abaixo da superfície do Oceano Pacífico, um caranguejo cultiva uma colônia de bactérias em suas garras.
Para ajudá-las a crescer, o caranguejo balança suas patas e ao criar uma onda, as alimenta com oxigênio e sulfeto de hidrogênio (também conhecido como gás sulfídrico), e as torna boas o suficiente para comer.
O caranguejo é uma espécie descoberta em 2006, chamado Kiwa puravida, da família Yeti. Biólogos da Oregon State University descrevem o comportamento do crustáceo de ‘agricultura inteligente’ na revista PloS One.
Nós assistimos o caranguejo balançar suas garras e a partir do metano – existente na região em que ele habita – e ao invés dele capturar bactérias ele as cultiva em suas garras”, afirma o principal autor do estudo, Andrew Thurber, em um comunicado à imprensa.
A luz solar não pode chegar em regiões tão profundas do oceano, logo os animais têm que aproveitar a energia química liberada a partir do fundo do mar. Essas bactérias são encontradas em mar profundo em camarões, caranguejos e cracas.
Jamais havia constatado esse tipo de comportamento”, diz Thurber à imprensa. “Não sabemos ao certo de sulfeto de hidrogênio sozinho são combustíveis à bactéria, mas suspeitamos que o caranguejo utiliza a combinação de sulfeto de hidrogênio e metano liberado no fundo do mar tão distante do sol.”
Os caranguejos, parte da famílya Yeti, também possuem um apêndice especialmente adaptado para raspar a bactéria de suas garras e levar à boca.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Cientistas constatam aceleração do derretimento em glaciar na Patagônia
 
A geleira Jorge Montt, localizada no Campo de Gelo Sul da Patagônia chilena retrocedeu um quilômetro em um ano devido ao aquecimento global e às condições oceanográficas, indicou um estudo divulgado nesta quarta-feira (7) pelo Centro de Estudos Científicos do Chile.
“Quase todas geleiras da região têm experimentado perdas de áreas por conta do aquecimento global. O glaciar Jorge Montt é o que registrou maior retrocesso”, disse Andrés Rivera, durante a apresentação da pesquisa.
A investigação científica evidenciou que a estrutrura do glaciar de 454 km² “é uma das que apresentaram uma maior perda de tamanho e mais acentuada regressão no Hemisfério Sul”.
Além disso, o recuo da geleira Montt significou mudanças na geografia do Campo de Gelo Sul, que tem 13 mil km² e é a terceira maior superfície congelada do planeta, atrás apenas da Antártida e da Groelândia.
Durante a década de 1990, a geleira Montt retrocedeu cerca de 7 km, mas desta vez, o degelo acelerou, o que produziu um grande número de icebergs, acrescentou Rivera. A pesquisa foi realizada entre fevereiro de 2010 e janeiro deste ano, tempo em que foram feitas 1.445 fotografias por meio de duas câmeras instaladas perto do glaciar, com quatro disparos diários.
Imagem mostra glaciar Jorge Montt, na Patagônia chilena. Estudo afirma que geleira está retrocedendo rapidamente devido ao aquecimento global. (Foto: Divulgação/Centro de Estudos Científicos/AFP)Imagem mostra glaciar Jorge Montt, na Patagônia chilena. Estudo afirma que geleira está retrocedendo rapidamente devido ao aquecimento global.
Primeiro grande predador da história tinha visão privilegiada, diz estudo
 
O primeiro grande predador da história tinha como grande trunfo sua visão, superior à dos outros animais que habitavam nossos mares há mais de 500 milhões de anos. O Anomalocaris, cujo nome significa “camarão estranho” em latim, tinha um metro de comprimento e ocupava o topo da cadeia alimentar em sua época.
Ilustração de como seria o 'Anomalocaris' (Foto: Katrina Kenny / University of Adelaide)Ilustração de como seria o 'Anomalocaris'
A descoberta de como funcionava a visão desse animal aparece na edição desta quinta-feira (8) da revista científica “Nature”. Ela se baseia em fósseis descobertos na Ilha do Canguru, na costa da Austrália, de um animal que viveu 515 milhões de anos atrás.
O artigo é assinado por uma equipe internacional de cientistas, liderada por John Paterson, da Universidade da Nova Inglaterra, nos EUA.
O olho deste animal media entre 2 e 3 centímetros e era composto por cerca de 16 mil lentes – segundo os pesquisadores, é um dos olhos com mais lentes que já existiram. A estrutura se assemelha à das atuais libélulas.
Também por isso, a descoberta fortalece a teoria de que o Anomalocaris era um parente dos artrópodes – grupo que inclui desde insetos a caranguejos e lagostas, passando pelas aranhas.
Os cientistas disseram também que a visão desse animal era precisa e sofisticada, e serviu como uma arma para que ele se mantivesse no topo da cadeia alimentar.
Vulcões são 'engolidos' por fenda tectônica no Pacífico

Novas imagens computadorizadas do fundo do mar obtidas através de sonar - através de ressonância - revelaram como vulcões submarinos são "engolidos" pela fenda entre duas placas tectônicas no Oceano Pacífico.
As imagens feitas pela equipe de pesquisadores das universidades de Oxford e Durham, na Grã-Bretanha, revelaram uma fila de vulcões de milhares de metros de altitude sendo engolida pela falha à medida que estes se deslocam em direção ao abismo.
A falha tem quase 11 quilômetros de profundidade e poderia facilmente acomodar em seu interior o Monte Everest.
Os pesquisadores afirmam que entender melhor esse fenômeno - sobretudo no chamado Círculo de Fogo do Pacífico, uma das áreas mais ativas da Terra - pode aperfeiçoar os sistemas de alerta de terremotos subaquáticos e tsunamis.
Imagem mostra erupção de vulcão que está no fundo do mar (Foto: Reprodução/BBC)Imagem mostra erupção de vulcão que está no fundo do mar
Astrônomos obtêm melhor imagem já feita de vítima de vampira espacial

Astrônomos divulgaram nesta quarta-feira (7) as melhores imagens já feitas de uma estrela vampira com sua vítima. A fotografia foi feita combinando o trabalho de quatro telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) – o que rendeu uma imagem 50 vezes mais nítida que a do Hubble.
As chamadas “estrelas vampiras” recebem esse nome porque sugam a massa de uma vizinha.
Estrela gigante vermelha perde massa para a azul, mais quente. (Foto: ESO/PIONIER/IPAG)Imagem 50 vezes mais nítida que a do Hubble mostra estrela vampira canibalizando companheira 
As estrelas observadas estão na constelação da Lebre, a uma distância uma da outra equivalente à da Terra ao Sol. A maior delas é também a mais fria e por estar tão perto, acaba perdendo massa para sua companheira mais quente – a vampira. Os astrônomos acreditam que metade de sua massa original já foi perdida.
A fotografia surpreendeu os cientistas ao mostrar que o “roubo” ocorre de forma mais “gentil” do que eles imaginavam. Antes, eles acreditavam que essa transferência era automática, de uma para a outra. Agora, se questionam se a massa não pode estar sendo expelida pela estrela mais fria, levada pelo vento estelar e capturada pela mais quente.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Planeta segue rumo a aquecimento de 3,5ºC, diz estudo
 
Enquanto negociadores de quase 200 países tentam chegar a um acordo climático para redução de emissões de gases do efeito estufa, um estudo divulgado nesta terça-feira em Durban, na África do Sul, indica que, mesmo cumprindo as metas atualmente propostas pelos principais poluidores, o planeta deve ter um aquecimento de 3,5ºC.
Nos Acordos de Cancún, além de prometer metas de redução de emissões voluntárias, os países assumiram o compromisso de manter o aquecimento global abaixo de 2ºC, patamar considerado seguro pela ciência atual.
Acima desta elevação de temperatura, as consequências para o planeta podem ser potencialmente catastróficas, segundo os cientistas.
O estudo Rastreador de Ação Climática, uma iniciativa alemã da consultoria Ecofys em parceria com o Instituto de Pesquisas sobre o Impacto do Clima de Potsdam e a organização não-governamental Climate Analytics, também recomenda a tomada de ações mais ambiciosas para manter mais baixos os custos de redução de emissões.
'Quanto mais esperarmos, mais caro vai ficar. Se as metas só forem revisadas em 2015 ou mais tarde, as oportunidades de mitigação caem drasticamente', afirmou o diretor de Política Climática e Energética da Ecofys, Niklas Höhne.
Com outras pesquisas recentes indicando um salto na emissão de dióxido de carbono, (CO2), nos últimos anos, seriam necessárias medidas urgentes para seguir as recomendações dos estudiosos.
De acordo com o diretor da Climate Analytics, Bill Hare, o mundo teria que atingir o seu pico de emissões antes de 2020 para então entrar em um caminho seguro.
'Atualmente, emitimos cerca de 50 gigatoneladas de carbono equivalente (GtCO2-eq) - medida que leva em consideração todos os gases que provocam o efeito estufa - por ano. Em 2020, teríamos que estar em 44 GtCO2-eq ', afirmou Hare.
Mudança no estudo
O Rastreador de Ação Climática traça perfis individuais dos países. No caso do Brasil, os pesquisadores recomendam a mudança na linha base usada para calcular a redução de emissões prevista na lei de mudança climática já em vigor.
A redução de 36,1% a 38,9% estabelecida na lei deve ser calculada a partir das emissões previstas para 2020. O problema, segundo o estudo, é que essa previsão de emissões era mais baixa na proposta original do que na que foi enviada e aprovada pelo Congresso.
A diferença foi provocada pela inclusão de novas fontes de emissão no histórico usado para o cálculo e por aumento nas previsões de emissões provenientes de desmatamento e outras fontes.
Com isso, se nada for feito, o Brasil chegaria a 2020 produzindo cerca de 500 milhões de toneladas de CO2 equivalente a mais que na proposta original, segundo o estudo.
Mesmo assim, as ações climáticas do país são classificadas como 'médias'.
Em Durban, nem os mais otimistas esperam que seja produzido um acordo que vincule os países obrigatoriamente às metas resumidas no documento aprovado em 2010, em Cancún.
Até o momento, negociadores dão a entender que, na melhor das hipóteses, seria produzido um documento com indicações de como o processo seria conduzido até 2015.
Aquecimento global não dá sinais de que irá abrandar, afirmam cientistas

Estudo publicado nesta terça-feira (6) afirma que o aquecimento global não tem dado sinais de que irá abrandar e que fenômenos relacionados à mudança do clima são esperados para as décadas seguintes. A pesquisa, publicada no jornal científico “Environmental Research Letters”, reuniu dados sobre a temperatura global do período de 1979 e 2010.
Foram retiradas dessa análise três principais fatores que respondem por flutuações a curto prazo da temperatura global: o fenômeno El Niño, de erupções vulcânicas e variações no brilho do sol.
Com isso, os pesquisadores do Instituto Potsdam para pesquisa do Impacto Climático apontaram que a temperatura do planeta cresceu 0,5 ºC nos últimos 30 anos, sendo que 2009 e 2010 foram os dois anos mais quentes da história.
“Nossa abordagem mostra que a ideia de que o aquecimento global tem diminuído ou mesmo demonstrado ter dado uma pausa na última década é um equívoco sem fundamento”, disse Stefan Rahmstorf, um dos autores do estudo.
“A ausência de alterações no aquecimento é uma evidência poderosa de que podemos esperar mais aumento na temperatura nas próximas décadas, enfatizando a urgência de enfrentar a influência humana sobre o clima”, disse Grant Foster, também autor da pesquisa.
2011 será o mais quente com o La Niña
Na semana passada, durante a COP 17, que acontece até a próxima sexta-feira (9) em Durban, na África do Sul, a Organização Meteorológica Mundial (OMM, na sigla em inglês), afirmou que o ano de 2011 será o mais quente com a ocorrência do fenômeno La Ninã já registrado.
"La Niña tem um efeito de resfriamento. Ainda assim, 2011 aparece como o 10º ano mais quente já registrado “, explicou o vice-secretário-geral do organismo, Jerry Lengoasa.
O fenômento é climático cíclico causa a queda das temperaturas superficiais do Oceano Pacífico. A temperatura do ar na altura da superfície do solo e do mar, nos primeiros dez meses de 2011, ficou 0,41 grau acima da média registrada no planeta entre 1961-1990.
Outro sinal de que este ano não fugiu da tendência de aquecimento do planeta é que a calota polar ártica teve seu segundo menor tamanho já registrado durante o verão boreal. Na mínima deste ano, em setembro, havia 35% menos gelo na região ártica do que na média dos anos 1979-2000. “Vai haver uma perda significativa, não dá para dizer completa, mas signifitcativa”, respondeu Lengoasa ao ser quetionado sobre um possível desaparecimento total do gelo no norte do planeta.
Sonda Voyager entra em zona entre o Sistema Solar e o espaço interestelar
 
A sonda espacial Voyager 1, lançada pela agência espacial norte-americana (Nasa) em 1997, alcançou uma região entre o Sistema Solar e o espaço interestelar, segundo nota divulgada nesta semana.
Máquina criada por humanos que mais se distanciou da Terra, a Voyager 1 já percorreu 18 bilhões de quilômetros - ainda pouco quando se considera a distância de quase 40 trilhões de quilômetros do Sol até Proxima Centauri, a estrela mais próxima.
A região onde a Voyager 1 "passeia" atualmente é considerada pela Nasa como um "purgatório cósmico": o vento de partículas carregadas vindas do Sol se acalma ao chegar naquele local do espaço e o campo magnético do Sistema Solar apresenta características diferentes.
Os últimos dados recebidos pela Nasa mostram que a Voyager 1 ainda não alcançou o espaço interestelar, mas se aproxima da borda da heliosfera - uma espécie de "bolha" ao redor do Sistema Solar, repleta de partículas de alta energia emitidas pelo Sol, que protege os planetas da radiaç
Ainda não é possível dizer a data exata quando a nave deverá cruzar a fronteira rumo ao espaço desconhecido, mas os astrônomos acreditam que isso pode levar de meses até alguns anos.
Até o meio de 2010, a quantidade de partículas detectadas nas proximidades da Voyager permanecia estável. Desde então, o número não para de cair, indicando que a sonda se caminha cada vez mais para a fronteira de "influência" do Sistema Solar. Atualmente, as partículas estão duas vezes menos abundantes do que nos últimos cinco anos.
A Voyager 1 foi lançada junto com a sonda Voyager 2, que atualmente está a 15 bilhões de quilômetros da Terra. Ambas as máquinas continuam com boas condições de conservação.
Imagem mostra a posição atual da Voyager 1, a 119 unidades astronômicas de distância ou 18 bilhões de quilômetros. Uma região de "estagnação" é descrita na ilustração, mostrando a fronteira da heliosfera onde o vento de partículas solares começa a diminuir. Essa faixa começa a 113 unidades astronômicas de distância ou 15 bilhões de quilômetros. (Foto: JPL - Caltech / Nasa)Imagem mostra a posição atual da Voyager 1, a 119 unidades astronômicas de distância ou 18 bilhões de quilômetros. Uma região de "estagnação" é descrita na ilustração, mostrando a fronteira da heliosfera onde o vento de partículas solares começa a diminuir. Essa faixa começa a 113 unidades astronômicas de distância ou 17 bilhões de quilômetros. Uma unidade astronômica vale 150 milhões de quilômetros e corresponde à distância entre a Terra e o Sol.
Estrela que gira a 2 milhões de km por hora é a mais rápida já detectada
  Astrônomos ligados ao Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) descobriram a estrela que gira mais rápido no espaço. O astro se chama VFTS 102 e tem uma rotação que ocorre a 2 milhões de quilômetros por hora - velocidade 300 vezes superior à do Sol ao fazer o mesmo movimento.
A estrela foi revelada por observações com o Telescópio Muito Largo (VLT), um dos principais instrumentos telescópicos do mundo, situado no Observatório do Paranal no Chile. Os cientistas pesquisavam a região da Nebulosa da Tarântula, uma formação de poeira e gás localizada na Grande Nuvem de Magalhães, uma das galáxias que serve como satélite da Via Láctea - assim como a Lua em relação à Terra.
VFTS 102 tem uma massa 25 vezes maior que a do Sol e chega a brilhar 100 mil vezes mais. Sua velocidade ao percorrer o espaço também impressiona os especialistas, que acreditam que o astro possa ter sido ejetado de um sistema de estrelas duplas. Ela está a uma distância de 160 mil anos-luz daqui - um ano-luz equivale a quase 10 trilhões de quilômetros.
Segundo esta hipótese, uma das estrelas teria explodido sob a forma de uma supernova, expulsando a companheira VFTS 102 da região. A prova pode estar na presença de resquícios de supernova próximos à região observada pelos cientistas na Grande Nuvem de Magalhães, além de um pulsar - uma estrela muito pequena e com muita massa, que poderia ter sido originada após a explosão.
Ilustração mostra como seria a estrela de rotação mais rápida já detectada. (Foto: G. Bacon / ESA / Nasa)Ilustração mostra como seria a estrela de rotação mais rápida (em azul).
Telescópio acha estrela que gira 300 vezes mais rápido que o Sol


Uma equipe internacional de astrônomos que lida com o Very Large Telescope do ESO (Observatório Europeu do Sul), instalado no Chile, descobriu uma estrela pesada e brilhante na Nebulosa da Tarântula, situada na Grande Nuvem de Magalhães.
A VFTS 102 gira a mais de 2 milhões de quilômetros por hora --mais de 300 vezes mais depressa do que o Sol-- e está muito próxima do ponto onde seria desfeita em pedaços devido às forças centrífugas. Ela é a estrela em rotação mais rápida que se conhece até hoje.

Efe
Foto feita pelo ESO mostra estrela que gira a uma velocidade maior que o Sol; ela fica na Nebulosa da Tarântula
Foto feita pelo ESO mostra estrela que gira a uma velocidade maior que o Sol; ela fica na Nebulosa da Tarântula
Os astrônomos descobriram também que a estrela, que tem cerca de 25 vezes a massa do Sol e é cerca de cem mil vezes mais brilhante, se desloca no espaço a uma velocidade muito diferente da das suas companheiras.
"A extraordinária velocidade de rotação aliada ao movimento incomum relativamente às estrelas situadas na sua vizinhança, levou-nos a perguntar se esta estrela não teria tido um começo de vida incomum. Ficamos desconfiados." explica autor principal do artigo científico, Philip Dufton, da Universidade Queen, na Irlanda do Norte.
A diferença de velocidade poderia apontar para o fato da VFTS 102 ser uma estrela fugitiva --um astro que foi ejetado de um sistema de estrelas duplas depois da sua companheira ter explodido sob a forma de supernova.
Esta hipótese é corroborada por mais duas pistas adicionais: um pulsar e um resto de supernova a ele associado, encontrados na vizinhança da estrela.
A equipe desenvolveu um possível cenário evolutivo para esta estrela tão incomum.
O objeto poderia ter começado a sua vida como uma componente de um sistema estelar binário. Se as duas estrelas estivessem próximas uma da outra, o gás da companheira poderia ter fluído continuamente na sua direção, fazendo com que a estrela começasse a rodar mais e mais depressa, o que explicaria um dos fatos incomuns --o porquê da sua rotação extremamente elevada.
Após um curto espaço de tempo na vida da estrela, de cerca de dez milhões de anos, a companheira de elevada massa teria explodido como uma supernova --o que explicaria a nuvem de gás característica conhecida como resto de supernova que se encontra nas proximidades.
A explosão teria também dado origem à ejeção da estrela, o que poderia explicar a terceira anomalia --a diferença entre a sua velocidade e a das outras estrelas da região.
Ao colapsar a companheira de grande massa ter-se-ia transformado no pulsar que observamos hoje, completando assim a solução do quebra-cabeça.
Embora os astrônomos não possam ter a certeza deste cenário, Dufton conclui: "Esta é uma hipótese com muito mérito, uma vez que explica todas as caraterísticas incomuns que observamos. Esta estrela mostra-nos claramente lados inesperados das vidas curtas mas dramáticas das estrelas mais pesadas."
Geleiras do Himalaia diminuíram até 22% em 30 anos, afirmam cientistas


Novos estudos científicos sobre o derretimento das geleiras do Himalaia revelam o impacto das mudanças climáticas nesta região e a ameaça que pesa sobre 1,3 bilhão de habitantes.
Segundo os estudos publicados em três relatórios do Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado das Montanhas (ICIMOD), com base em Katmandu, as geleiras diminuíram 21% no Nepal e 22% no Butão nos últimos 30 anos.
Estas descobertas seriam a primeira confirmação oficial sobre o derretimento das geleiras, após várias declarações empíricas. Elas corrigem também um anúncio errado do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) que afirmou em seu 4º relatório em 2007 que as geleiras do Himalaia derretiam mais rápido do que as outras do mundo e "poderiam desaparecer até 2035, ou antes".
O IPCC afirmou que foi "um lamentável erro" provocado por "procedimentos que não foram devidamente acompanhados".
Apoiados pelo projeto de pesquisa financiado pela Suécia e realizado pela ICIMOD durante três anos, os especialistas descobriram que as dez geleiras observadas estão em processo de derretimento em uma velocidade que acelerou entre 2002 e 2005.
Imagem de dezembro de 2009 mostra montanhas e uma geleira na região do monte Everest, a 140 km de distância de Kathmandu. Milhões de pessoas estão sob ameaça de derretimento das geleiras do Himalaia, de acordo com cientistas, (Foto: Prakash Mathema/AFP)Imagem de dezembro de 2009 mostra o Himalaia e uma geleira na região do monte Everest, a 140 km de distância de Kathmandu. Milhões de pessoas estão sob ameaça de derretimento da neve nesta região, de acordo com cientistas.
Redução significativa
De acordo com os resultados de um outro estudo, o volume de neve que cobre a região diminuiu de maneira significativa nos últimos 10 anos. "Estes relatórios fornecem um novo ponto de comparação e informações sobre as zonas geográficas específicas para compreender a mudança climática em um dos ecossistemas mais vulneráveis do mundo", comentou o presidente do IPCC, o indiano Rajendra Pachauri.
As 54.000 geleiras do Himalaia alimentam com água os oito maiores rios da Ásia, entre eles - Indus, Ganges, Brahmaputra, Yangtze e Rio Amarelo - suscetíveis de serem afetados pelo stress hídrico nas próximas décadas, com potenciais consequências para os 1,3 bilhão de pessoas.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Cientistas descobrem os maiores buracos negros já conhecidos

                      Ilustração da movimentação de estrelas na região
                                                  central de uma galáxia elíptica gigante

Um grupo de cientistas descobriu os dois maiores buracos negros conhecidos até o momento, com uma massa quase 10 bilhões de vezes superior à do Sol, informa um artigo publicado nesta segunda-feira (5) pela revista "Nature".
Esses buracos negros, localizados em duas enormes galáxias elípticas a cerca de 270 milhões de anos-luz da Terra, são muito maiores do que se previa por meio de deduções dos atributos das galáxias anfitriãs.
Segundo os especialistas, liderados por Chung-Pei Ma, professora da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos, a descoberta sugere que os processos que influenciam no crescimento das galáxias grandes e seus buracos negros diferem dos que afetam as galáxias pequenas.
Os cientistas acreditam que todas as galáxias maciças com componente esferoidal abrigam em seus centros buracos negros gigantescos
As oscilações de luminosidade e brilho identificadas nos quasares do universo sugerem ainda que alguns deles teriam sido alimentados por buracos negros com massas 10 bilhões de vezes superiores à do Sol.
No entanto, o maior buraco negro conhecido até então, situado na gigantesca galáxia elíptica Messier 87, tinha uma massa de apenas 6,3 bilhões de massas solares
Os buracos negros são difíceis de serem detectados porque sua poderosa gravidade os absorve por completo, incluindo a luz e outras radiações que poderiam revelar sua presença.
Os cientistas avaliaram os dados de duas galáxias vizinhas a Messier 87 -- NGC 3842 e NGC 4889 -- e concluíram que nelas havia buracos negros supermassivos.
Os cientistas usaram o telescópio Gemini do Havaí, adaptado com lentes especiais que permitem detectar o movimento irregular de estrelas que se movimentam perto dos buracos negros e que são absorvidas por eles.
Os pesquisadores constataram que a NGC 3842 abriga em seu centro um buraco negro com uma massa equivalente a 9,7 milhões de massas solares, enquanto, na NGC 4889, há outro com uma massa igual ou superior.
Esses buracos negros teriam um horizonte de fatos, a região na qual nada, nem sequer a luz, pode escapar de sua atração, cerca de sete vezes maior do que todo o sistema solar.
Segundo os especialistas, o enorme tamanho dos buracos se deve à sua habilidade para devorar não só planetas e estrelas, mas também pequenas galáxias, um processo que teria sido produzido ao longo de milhões de anos.
Imagens aéreas mostram grandes formações de sal no Mar Morto

 Imagens divulgadas nesta segunda-feira (5) mostram diversas formações de sal no Mar Morto, que banha Israel e a Jordânia e está localizado a 422 metros abaixo do nível do mar.
Pesquisadores do Instituto de Microbiologia Max Planck, da Alemanha, e israeleneses da Universidade Ben Gurion estudam a existência de micro-organismos vivos em fissuras no fundo do mar, que tem níveis de salinidade dez vezes superiores aos dos demais oceanos. A comprovação dos micro-organismos significaria a existência de água doce na região.
 Formações de sal são vistas na superfície do Mar Morto, em Israel
 Formações de sal vistas de cima no Mar Morto, em Israel
Imagens aéreas mostram pequenas aglomerações de água às margens do Mar Morto, em Israel
 Formações de sal são vistas na superfície no Mar Morto, em Israel
 Canal para transporte de água margeia o Mar Morto
 Praia pública de Israel no Mar Morto é vista de cima
Planeta similar à Terra é achado ao redor de estrela parecida com o Sol

 A agência espacial norte-americana (Nasa) anunciou nesta segunda-feira (5) a descoberta do primeiro planeta com tamanho parecido com o da Terra e que gira ao redor de uma estrela parecida com o Sol. O planeta fica a 600 anos-luz de distância e foi detectado pela sonda Kepler, lançada em 2009 com o objetivo de descobrir novas "Terras" pelo espaço.
Outra característica do astro é que ele se encontra a uma distância da estrela que pode permitir o desenvolvimento de água líquida e atmosfera, condições ideais para o surgimento da vida como a conhecemos. Quando um planeta se encontra nessas condições, diz-se que ele está em uma "zona habitável" (em inglês também é comum o termo "goldilocks").
O planeta recebeu o nome de Kepler 22b. Sua descoberta será relatada na revista "The Astrophysical Journal", uma das principais publicações científicas sobre astronomia.
Em fevereiro, os astrônomos da Nasa haviam anunciado uma lista com 54 astros que poderiam ser habitáveis. Desses, apenas Kepler 22b foi confirmado como planeta. O astro possui um raio 2,4 vezes maior que o da Terra e gira ao redor de sua estrela em 290 dias. Os cientistas ainda não sabem dizer o planeta é rochoso ou gasoso.
 Ilustração mostra como seria o planeta Kepler 22b

Números da Kepler
O novo balanço da missão Kepler revelou a existência de 1.094 novos candidatos a planetas. Desses, 10 estariam na "zona habitável" das estrelas que orbitam. Observações futuras deverão confirmar se estes corpos são ou não planetas.
Atualmente, apenas 600 astros são confirmados como planetas pelos astrônomos. A sonda Kepler é, atualmente, a principal desvendadora de novos mundos. O instrumento vasculha as redondezas de 150 mil estrelas, todas localizadas em uma faixa no céu entre as constelações do Cisne e de Lira.
Para confirmar que Kepler 22b era mesmo um planeta, a sonda precisou verificar o sinal vindo daquela região pelo menos três vezes. A estrela que ela orbita é um pouco mais fria que o nosso Sol.
Desde o último balanço, em fevereiro, o número de candidatos a planetas cresceu 89% e agora chega a 2.326. Desses, 207 têm tamanho próximo ao da Terra, 680 são maiores que o nosso planeta e 1.181 são tão grandes quanto Netuno. A lista é completada por 203 astros com as mesmas dimensões que Júpiter e apenas 55 maiores que o maior astro do Sistema Solar (depois do Sol).
Existirão mamutes clonados a partir da medula dentro de 5 anos 

 Estes gigantes poderão estar andando pelo nosso planeta novamente em pouco tempo.

Os mamutes foram extintos há apenas 12.000 anos, tempo minúsculo se compararmos o tempo de extinção dos dinossauros. Os cientistas estão esperançosos que em menos de 5 anos poderemos ver manadas destes mamíferos gigantes novamente.
A pesquisa está sendo coordenada por especialistas do museu Sakha na Rússia e University Kinki do Japão. O principal objetivo é recriar um mamute utilizando a clonagem. Os cientistas pretendem iniciar os estudos já no começo de 2012.
Os núcleos dos óvulos de elefantes serão substituídos por células da medula do mamute. O feito só será possível graças a um fêmur de mamute encontrado em agosto deste ano na Sibéria, local tradicionalmente conhecido por conter grandes quantidades de fósseis deste animal. O achado paleontológico está com a medula óssea quase intacta, o que permite realizar os experimentos de clonagem.
Quase todos os anos novos esqueletos de mamutes são encontrados na Sibéria, graças ao descongelamento de imensas massas de gelo devido ao aquecimento global.
Crânio de tigre mais antigo já descoberto: eles não mudaram em 2 milhões de anos! 


A pesquisa mostrou que os tigres não mudaram em mais de 2 milhões de anos, apenas ficaram maiores.
O crânio foi encontrado no noroeste da China, datado com 2,55 milhões de anos. É considerado o mais antigo já encontrado, pertencente ao grupo dos grandes felinos que conhecemos hoje.
Os especialistas afirmam que apenas alguns detalhes como, por exemplo os dentes em tamanho maior, diferencia o crânio dos felinos atuais, mas a estrutura em si é praticamente a mesma, mostrando que em milhões de anos os grandes felinos não sofreram grandes evoluções, apenas ficaram maiores.
Os cientistas compararam o crânio encontrado com 207 crânios de tigre, 66 crânios de onças e 100 crânios de leopardos. As pesquisas demonstraram que o felino pertence a uma linhagem muito antiga de tigre, talvez os primeiros existentes. Eles eram menores que os tigres atuais, e precisou evoluir em seu tamanho para buscar presas maiores.
Este achado paleontológico é de vital importância, desencadeando novas pesquisas importantes sobre a compreensão da evolução dos felinos e a relação deles com o meio ambiente ao longo dos milhões de anos


domingo, 4 de dezembro de 2011

Asteroide Vesta tem montanha três vezes maior que Everest

 Região do polo sul do asteroide Vesta vista em uma imagem digital composta pela Nasa

 O asteroide Vesta abriga uma montanha três vezes maior que o Monte Everest, de acordo com uma nova imagem tirada pela espaçonave Dawn da Nasa.
Localizada no centro de uma cratera na região polar sul do asteroide, a montanha tem cerca de 22 quilômetros de altura e uma base de aproximadamente 180 quilômetros – em contraste, a maior montanha do sistema solar, o Monte Olimpo, em Marte, tem 25 quilômetros de altura e se espalha por 624 quilômetros. Já o Everest, a maior elevação da Terra, tem 8.848 metros de altura.
“Vesta está cheio de surpresas”, afirmou Paul Schenk, cientista da Dawn que participa da Instituto Lunar e Planetário no Texas, durante uma coletiva de imprensa. E acrescentou: “Tínhamos indicações antes da chegada [da Dawn] que a região polar sul seria interessante. Fotos do Hubble mostravam uma ondulação lá, mas com a resolução dele era difícil saber do que se tratava.”
Com a resolução da Dawn, os cientistas foram capazes de ver que a ondulação era uma cratera de impacto – chamada de Bacia Rheasilvia – com cerca de 475 quilômetros de largura dominada pelo seu monte central. ''Vesta é realmente um pequeno mundo bastante original e superou nossas expectativas'', afirmou Carol Raymond, pesquisadora principal adjunta do Laboratório de Propulsão a Jato (na sigla em inglês, JPL) da Nasa durante a coletiva.
Achatando um asteroide
Com cerca de 529 quilômetros de largura, Vesta é o segundo maior corpo no principal cinturão de asteróides do Sistema Solar, um anel de sobras da formação do sistema solar situado entre as órbitas de Marte e Júpiter.
Utilizando imagens em alta resolução tiradas de Vesta, cientistas do JPL criaram uma imagem que dá uma visão angular da região polar Sul do asteroide e destaca sua topografia tridimensional.
Vesta: uma visão da Terra quando bebê?
Estudar características como a montanha polar gigante de Vesta pode ajudar os cientistas a traçar a história geológica do asteróide, possivelmente dando pistas de como nosso sistema solar foi formado.
Pesquisas anteriores de meteoritos como Vesta mostraram que a superfície da rocha espacial foi outrora revestida por lava basáltica, dando uma dica de que Vesta hospedou um oceano global de magma semelhante ao que existiu na Lua.
Em verdade, Vesta é considerado um protoplaneta – um planeta bebê cujo crescimento foi prejudicado por interações gravitacionais com Júpiter, este gigante de gás que conhecemos hoje.
Os resultados da missão Dawn, de acordo com a Nasa, podem oferecer pistas de como planetas rochosos como a Terra e Marte poderiam parecer nos primeiros dias do sistema solar. “Estamos descobrindo -- e esperamos documentar ainda mais – que Vesta passou por processos planetários”, disse Raymond.
Dawn entrou na órbita de Vesta em julho e vai ficar um ano coletando dados antes de se mover em direção ao planeta anão Ceres, o maior corpo no cinturão.
Isótopo raro ajuda a investigar aquífero milenar

 Oásis de Um El Ma, na Líbia: alimentado por um aquífero antigo e pouco conhecido

 O Aquífero de Núbia, fonte de oásis lendários localizado no Egito e na Líbia, se estende languidamente por quase dois milhões de quilômetros quadrados do norte da África, pincelando uma coleção de poços subterrâneos de águas que migram lentamente através de rochas e areia em direção ao Mar Mediterrâneo.

O aquífero é um dos mais antigos do mundo. Contudo, seu funcionamento -- como ele flui e com que rapidez a água da superfície o reabastece -- tem se mostrado difícil de compreender, em parte porque as ferramentas disponíveis para estudá-lo foram capazes de oferecer, na melhor das hipóteses, imagens pouco nítidas.
Agora, para resolver alguns desses quebra-cabeças, físicos do Departamento de Energia do Laboratório Nacional de Argonne, em Illinois, estão pesquisando uma das partículas mais raras da Terra: um isótopo radioativo não estável que costuma ricochetear na atmosfera a centenas de quilômetros por hora.
O primeiro sucesso obtido pela equipe foi a destilação desses isótopos não estáveis, conhecidos como criptônio-81, na água do enorme Aquífero de Núbia, parte do qual está 3,22 quilômetros abaixo do oásis do oeste do Egito, onde há templos em homenagem a Alexandre, o Grande. O segundo foi manter esses isótopos em condições de análise e medir o quanto eles tinham deteriorado desde última vez em que viram a luz do sol.
Saber quanto tempo a água ficou por baixo da terra ajuda os pesquisadores a entender quão rápido os aquíferos são reabastecidos pelas águas da superfície e quão rápido eles se movem, favorecendo a obtenção de modelos geológicos mais precisos. A água subterrânea está se tornando um fator cada vez mais relevante no tocante ao destino da água potável disponível do mundo _ e essas descobertas podem aumentar de modo significativo nosso conhecimento de como ela se comporta.
Pradeep Aggarwal, que dirige a seção de hidrologia isotópica do programa de recursos hídricos da Agência Internacional de Energia Atômica, disse que o rastreamento de massas de água mais antigas permaneceu pouco claro durante muito tempo. A datação por carbono-14, tão útil em arqueologia, só chega até aproximadamente 50 mil anos atrás.
Hoje, está claro que o Aquífero de Núbia demorou um milhão de anos para se formar.
"Estamos verificando diferentes maneiras de estudar a água há décadas ", disse Aggarwal. "Nós utilizamos vários isótopos diferentes -- e estáveis -- para rastrear a origem da chuva. Nós também utilizamos radioisótopos para descobrir quão rapidamente as águas subterrâneas se movimentam".
Durante anos, os cientistas se basearam na datação por carbono-14, o que os levou a acreditar que o aquífero tinha apenas 40 mil anos. Eles sabiam que o criptônio-81, um isótopo presente ao ar livre, mas não no subsolo, seria um marcador mais adequado para monitorar o movimento da água subterrânea. Quando a água perde o contato com o ar, o relógio da radioatividade começa a contar; o isótopo decai em um fator de dois a cada 230 mil anos, e é possível mensurar esse decaimento em até 2 milhões de anos atrás.
Porém, isolar os isótopos criptônio-81 foi terrivelmente difícil; e apanhá-los foi ainda pior.
O físico do Laboratório de Argonne Zheng Tian-Lu e seus colegas passaram 14 anos se especializando e ampliando técnicas de desaceleração de átomos -- as mesmas técnicas baseadas em lasers criadas pelo atual ministro de energia dos Estados Unidos, Steven Chu, na década de 1980, pelas quais ele recebeu o Prêmio Nobel.
Quando Lu percebeu o potencial benefício do isolamento de isótopos criptônio-81, foi "tomado pela pesquisa", contou ele. "Eu tentei usar o método de captura que eu já tinha aprendido para tentar resolver o problema de datação do radiocriptônio".
"Estamos empregando a capacidade de controlar e manipular átomos para localizar o criptônio-81 em meio a um milhão de tipos de isótopos de criptônio", acrescentou. Há apenas um átomo de criptônio em cada milhão de moléculas de água; um em um trilhão desses átomos de criptônio é o isótopo criptônio-81.
O segredo, segundo ele, é a utilização de lasers para detectar a frequência em que os átomos oscilam _ algo equivalente a tentar determinar a altura exata de uma nota musical. Detectar as diferenças infinitesimais da ressonância de isótopos é difícil, mas quando se consegue fazê-lo, os lasers podem ser ajustados para captar a frequência de cada isótopo. Quando átomos de criptônio-81 passam por um laser adaptado a eles, brilham intensamente e se desaceleram, possibilitando que os cientistas visualizem com mais facilidade as partículas que devem isolar.
O processo começa quando a água é extraída do aquífero sem ter qualquer contato com o ar. O criptônio é retirado da água por um sistema a vácuo. Uma vez identificados e desacelerados, os isótopos de criptônio-81 são capturados por seis feixes de laser que incidem sobre eles a partir dos quatro pontos cardeais da bússola, vindos de cima e de baixo. É possível, então, medir o seu decaimento.
"A partir desse levantamento acerca do passado da água, você observa a forma como ela costumava fluir em um passado muito remoto", disse Lu. "Mas há também implicações a respeito de como manejar as águas hoje". Ele acrescentou: "Para manejar um recurso hídrico, é necessário construir um modelo hidrológico realista".
Futuro do aquífero
É aí que entra Neil C. Sturchio, geólogo da Universidade de Illinois, em Chicago. Ele trabalha com o modelo mais bem aceito de como a água flui através do Aquífero de Núbia.
"A razão pela qual este modelo foi elaborado", disse ele, "é a existência de um acordo internacional entre os países que partilham essa água" -- a saber, Egito, Líbia, Chade e Sudão.
"A questão é: com a Líbia bombeando suas águas a sério e o Egito fazendo a mesma coisa em suas áreas de oásis", o que acontece com o resto do aquífero? Se um bombeamento pesado chegar muito perto do litoral, a água salgada pode ser arrastada para a depressão hidrológica criada pelo bombeamento.
O Aquífero de Núbia não está exatamente em um processo de seca; ele está preenchido pelo equivalente a mais de 500 anos de fluxo do rio Nilo; estima-se que suas águas subterrâneas, se considerarmos apenas a porção egípcia, excedam 41 mil quilômetros cúbicos.
Aggarwal, da Agência Internacional de Energia Atômica, no entanto, chamou atenção para o seguinte: "Como resultado do bombeamento pesado, secamos os oásis em alguns lugares. Na Líbia, eles secaram o Lago Kufra". Ele contou que a National Geographic publicou, em 1920, uma foto do lago em um momento de cheia. "Agora ele é um leito seco, porque tem gente bombeando com muita força", disse ele.
E mesmo que o aquífero seja enorme, seu índice de reabastecimento, na melhor das hipóteses, "é medido em milímetros por ano", disse Aggarwal -- muito pequeno se comparado ao que é bombeado.
Além disso, segundo Sturchio, resta descobrir qual a melhor forma de extrair água: em outras palavras, "onde você coloca os poços, com qual profundidade, quão próximos uns dos outros".
"Se planejarmos tudo isso da maneira correta, podemos obter muito mais água sem problemas", continuou. "Mas se colocarmos todos os poços em um único ponto, podemos dar um tiro no próprio pé".
Ele prevê que gestores de recursos hídricos de todo o mundo venham a considerar o levantamento da equipe como sendo algo útil.
Além de serem aplicadas em outros aquíferos, em lugares como Filipinas e Austrália, as técnicas que envolvem o criptônio-81 estão sendo utilizadas como forma de rastrear soluções salinas em lugares como o sudeste do Novo México, onde resíduos radioativos provenientes de navios, submarinos e porta-aviões estão armazenados no subsolo .
Afinal, a gestão dos resíduos nucleares, assim como a gestão da água, é uma questão política.
"Há uma grande quantidade de variáveis que são levadas em conta ao se explorar um recurso", disse Aggarwal. "Na maioria dos casos, as decisões de se usar ou não se usar -- ou de quanto se deve usar -- são decisões sociais, políticas e econômicas".
Ainda assim, segundo ele, "quanto mais confiáveis forem os dados que pudermos fornecer para respaldar essas decisões, melhor -- o que queremos é obter as informações mais precisas possíveis".