Em um resumo divulgado na revista Nature, cientistas chefiados
por Eric Davidson, do Centro de Pesquisas Woods Hole (WHRC), em
Massachusetts, a Amazônia está "em transição" em consequência das
atividades humanas.
Ao longo de 50 anos, a população na região aumentou de 6 para 25
milhões de habitantes, levando a uma limpeza maciça de terreno para a
exploração de madeira de corte e a agricultura, afirmaram.
O balanço de carbono da Amazônia - quantidade de dióxido de carbono que
é liberada ou retirada da atmosfera - está mudando, embora seja difícil
estimar com precisão, acrescentaram.
"O desmatamento alterou o balanço líquido da bacia de um possível
sumidouro de carbono, no final do século XX, para uma fonte líquida",
afirmaram os cientistas no artigo.
Florestas maduras, como a amazônica, são fatores importantes na equação do aquecimento legal.
Suas árvores sugam CO2 da atmosfera, através da fotossíntese. Mas
quando apodrecem ou são queimadas ou a área de florestas é desmatada, o
carbono volta para o ar, incrementando o efeito estufa.
O artigo calcula que a biomassa da Amazônia contenha colossais 100
bilhões de toneladas de carbono, o equivalente a mais de 10 anos de
emissões globais de combustíveis fósseis.
Desencadeador de mudanças no clima, o aquecimento global pode liberar parte deste estoque, alertaram.
"Grande parte da floresta amazônica é resiliente à seca sazonal e
moderada, mas esta resiliência pode ser e foi exacerbada com secas
severas experimentais e naturais, indicando um risco de perda de carbono
se a seca aumentar com as mudanças no clima", acrescentaram.
No artigo, os cientistas também destacaram que tem sido registradas
secas extremas e cheias nas bacias do Tocantins e do Araguaia, cujos
rios drenam a região do Cerrado, fortemente desmatada.
"Onde o desmatamento é extenso em escalas local e regional, a duração
da estação seca está se alongando e a descarga da estação úmida está se
intensificando", destacou.
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