segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Experimento óptico inédito torna núcleo do ferro transparente

Utilizando um intenso feixe de luz laser, cientistas alemães conseguiram pela primeira vez na história tornar um material opaco, transparente. O experimento é considerado revolucionário e importante para o desenvolvimento dos computadores quânticos, capazes de atingir velocidades de processamento atualmente impossíveis de serem obtidas.
De acordo com a revista científica Nature, onde o artigo foi publicado, a técnica utiliza o efeito conhecido por transparência induzida eletromagneticamente e permite que materiais opacos possam se tornar transparentes para a luz em determinados comprimentos de onda, como por exemplo, o raios-X. O efeito é alcançado por meio de complexa interação óptica na região atômica da eletrosfera, onde os elétrons giram ao redor do núcleo atômico.
O experimento foi demonstrado pelo pesquisador Ralf Röhlsberger, ligado ao laboratório de luz síncrotron Deutsches Elektronen-Synchrotron, na Alemanha.
Segundo o cientista, esse efeito ocorre no comprimento de onda dos raios-x quando eles são direcionados para o núcleo atômico do isótopo de ferro 57, que compreende 2% do ferro que ocorre naturalmente no planeta.
Na prática, a nova forma de controle do estado óptico do núcleo atômico permitirá aos cientistas a construção de transistores ópticos de altíssimas velocidades, em que as correntes elétricas necessárias à comutação serão substituídas pela luz.
“O resultado de alcançar a transparência no núcleo atômico é o resultado do efeito da transparência induzida eletromagneticamente sobre o núcleo do átomo. Certamente, até que o primeiro computador com luz quântica se torne realidade ainda existe um longo caminho a percorrer. Entretanto, com esse efeito fomos capazes de realizar uma classe completamente nova de experimentos de óptica quântica de alta sensibilidade”, disse Röhlsberger.

Ferro Transparente
Para tornar o núcleo do ferro transparente no espectro dos raios-x, Röhlsberger e sua equipe montaram duas lâminas de ferro-57 (FE-57) dentro de uma cavidade ótica formada por dois espelhos de platina posicionados paralelamente.

No arranjo, as duas lâminas de FE-57, cada uma com 3 nanômetros de espessura, são mantidas entre os dois espelhos através de finas camadas de carbono formando uma espécie de sanduiche de 50 nanômetros de espessura. O carbono é transparente ao comprimento de onda do raio-X utilizado,
Em seguida, um feixe de raios X extremamente fino é disparado contra o conjunto em um ângulo muito preciso. Dentro da cavidade ótica os raios-x são refletidos pelos espelhos de platina. Esse movimento de reflexão cria uma ressonância ótica.
Se a distância entre as duas camadas de ferro e o comprimento de onda dos raios-x estiverem em uma proporção determinada, o núcleo do FE-57 se tornará transparente. Quando as camadas são movimentadas dentro da cavidade óptica o núcleo atômico do FE-57 se torna novamente opaco. Dessa forma os cientistas podem controlar o efeito da transparência.

Velocidade da Luz
Além do feito extraordinário, a equipe de Röhlsberger também demonstrou outro efeito paralelo produzido pela transparência induzida eletromagneticamente: o controle preciso da velocidade de propagação da luz.

Utilizando a mesma cavidade ótica, os pesquisadores também conseguiram frear a propagação de um feixe luminoso, fazendo-o se deslocar a apenas alguns metros por segundo, contra o tradicional valor de 300 mil quilômetros por segundo. 

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