sexta-feira, 8 de junho de 2012

Cientistas que 'desafiaram' Einstein admitem que estavam errados


Uma equipe de cientistas que anunciou no ano passado que os neutrinos eram mais rápido do que a luz, admitiu nesta sexta-feira que Einstein tinha razão e que sua teoria da relatividade também se aplica a estas partículas subatômicas elementares.
Os pesquisadores, que trabalham no Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (CERN, na sigla em francês) em Genebra, causaram comoção na comunidade científica ao publicar, em setembro de 2011, o resultado do experimento Opera.
Ela indicava uma velocidade dos neutrinos superior à da luz, considerada o "limite intransponível" na teoria da relatividade geral de Albert Einstein, de 1905.
Grande parte da física moderna é baseada na teoria de Einstein, segundo a qual nada pode superar a velocidade dos feixes luminosos no vácuo. Os especialistas anunciaram, então, ter detectado neutrinos que percorreram os 730 km que separam as instalações do CERN, em Genebra, do laboratório subterrâneo de Gran Sasso (Itália), 6 km/seg mais rápido do que a luz e chegaram 60 nanossegundos antes dela.
Mas, na sexta-feira, durante uma conferência internacional sobre física dos neutrinos e astrofísica, organizada em Kyoto, antiga capital imperial japonesa, a equipe do Opera admitiu que os resultados estavam equivocados.
"Os primeiros dados, medidos até 2011, com o feixe de neutrinos entre o CERN e Gran Sasso, foram revistos levando em conta os efeitos dos instrumentos testados", explicou a equipe. Procedeu-se a "novas medições" que estabeleceram que há "uma velocidade de neutrinos coerente com relação à velocidade da luz".
Em fevereiro passado, alguns físicos que tinham estudado o experimento Opera aventaram a hipótese de que seus resultados estivessem equivocados devido a uma má conexão entre um GPS e um computador que era usado para a medição.
Na ocasião, o CERN emitiu um comunicado, dando a entender que os neutrinos não superaram a velocidade da luz no vácuo (300 mil km/s). "Começamos a presumir que os resultados da Opera se deviam a um erro de medição", avaliou o diretor de pesquisas do Centro Europeu, Sergio Bertolucci.
As verificações efetuadas pela equipe do Opera confirmaram este defeito na conexão, que reduzia o tempo do percurso dos neutrinos em 74 nanossegundos com relação à realidade. Além disso, o relógio de alta precisão usado pelo Opera também estava sutilmente desajustado e acrescentou 15 nanossegundos ao tempo de trajeto, explicaram os membros em Kyoto.
Uma vez corrigidos estes dois erros, os neutrinos medidos entre o CERN e Gran Sasso exibiam efetivamente uma velocidade "coerente" com a teoria de Einstein. Em março, o físico italiano coordenador da experiência Opera, Antonio Ereditato, se demitiu. O jornal italiano Corriere della Sera, em seu site na internet, o apelidou de "físico do fracasso".

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