quarta-feira, 17 de abril de 2013

Recursos limitados explicam nanismo de 'hobbits' da Indonésia


Em imagem de 2004, o pesquisador T. Jacob apresenta crânios dos Homens de Flores (Foto: Agus Suparto/AFP)
Em imagem de 2004, o pesquisador T. Jacob
apresenta crânios dos Homens de Flores

Um estudo publicado nesta quarta-feira (17) mostra que as condições do ambiente em que viviam fizeram com que os antigos habitantes de uma ilha da atual Indonésia se tornassem anões, cerca de 12 mil anos atrás. A atividade deles não teria se desenvolvido bem, de forma que eles viviam com recursos limitados, e o tamanho menor se tornou uma vantagem evolutiva.
Com cerca de 1 metro de altura e 25 quilos de peso, o Homo floresiensis, que viveu na ilha de Flores, ganhou o apelido de "hobbit", em alusão aos pequeninos personagens da saga 'O Senhor dos Anéis', de J.R.R Tolkien. Os fósseis indicam ainda que esses indivíduos eram dotados de uma cabeça incomumente pequena em comparação com o corpo, contendo um cérebro de tamanho similar ao de um chimpanzé.


Espécie à parte ou descendente de outros hominídeos? Segundo cientistas japoneses, que fizeram um "scanner" tridimensional do crânio de um indivíduo, o Homem de Flores seria um puro produto da evolução local, um descendente perdido do Homo erectus, que teria progressivamente encolhido através das gerações para adaptar suas necessidades a recursos pouco abundantes.
Este fenômeno de "nanismo insular" já é bem conhecido entre os animais. Os hipopótamos pigmeus que viveram antigamente em Madagascar apresentavam também um cérebro 30% menor em proporção ao seu tamanho.
E graças a vestígios encontrados em uma caverna, sabe-se que o Homem de Flores caçava e comia elefantes pigmeus que certamente passaram pelo mesmo fenômeno evolutivo.
"É possível que um Homo erectus de Java tenha migrado para uma ilha isolada e evoluído como Homo floresiensis em razão de um nanismo insular marcado", avaliou Yousuke Kaifu, do Museu Nacional da Natureza e da Ciência de Tóquio, que publica seus trabalhos na revista britânica "Proceedings of the Royal Society B".
O volume reduzido do cérebro dos "homens pequeninos" -- 426 centímetros cúbicos, segundo a modelagem realizada por cientistas japoneses contra 860 centímetros cúbicos do Homo Erectus e cerca de 1.300 do homem moderno -- seria unicamente vinculado a uma adaptação adquirida ao longo de milênios.
Os cientistas deram, ainda, outras hipóteses para explicar o nanismo exagerado e a cabeça pequena -- fenômeno conhecido como "microcefalia".
A primeira é que estes "hobbits" descenderiam de um hominídeo mais primitivo que o Homo erectus, o Homo habilis, que possuía um cérebro reduzido. Mas nada jamais comprovou que este primata africano tenha posto os pés na Ásia.
A microcefalia do Homem de Flores poderia também ser resultado de uma doença neurológica, o cretinismo, provocada pela falta de tiroxina -- hormônio produzido pela tireoide. A enfermidade poderia ter sido causada por uma carência ligada a uma dieta alimentar muito pobre em iodo.
Anões talvez, mas não cretinos a ponto de não saber caçar, produzir fogo e usar utensílios de pedra para destrinchar suas presas, contra-argumentam os críticos desta teoria.

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