segunda-feira, 16 de junho de 2014

Pela primeira vez, um computador conseguiu passar no Teste de Turing

brain machine
Um computador conseguiu enganar um monte de pesquisadores e fazê-los pensar que ele era um garoto de 13 anos de idade chamado Eugene Goostman. Assim, ele se tornou o primeiro computador do mundo a ser aprovado no Teste de Turing.

O nome do teste vem de Alan Turing, um pioneiro da computação. Para ser aprovado nele, um computador precisa se passar por um ser humano e enganar 30% dos juízes humanos em conversas por texto que duram cinco minutos, um feito que até agora nunca havia sido realizado.
“Eugene” foi criado por uma equipe da Rússia, e passou no teste organizado pela Universidade de Reading por pouco: ele conseguiu enganar 33% dos juízes. É preciso notar que o sucesso em fingir ser um menino de 13 anos que tem o inglês como segunda língua não é exatamente um feito que se iguale ao Hal 9000.
Mas mesmo assim, ainda é um grande avanço, embora os críticos já tenham levantado as bandeiras vermelhas para suas implicações. “A existência de um computador que consegue se passar por um ser humano ou por uma pessoa em quem confiamos é como um chamado ao cibercrime”, disse Kevin Warwick, um professor visitante da Universidade de Reading e importante pesquisador da Universidade de Coventry, ao The Independent.
Há sérias preocupações acerca do que isso poderá significar para a segurança online no futuro? Certamente. Mas hoje elas não estarão em primeiro plano: estaremos tentando compreender o fato de termos acabado de entrar numa nova era da computação, repleta de possibilidades. 

O que é o teste de Turing?
Parece haver alguma confusão sobre o que exatamente o Teste de Turing deve medir. Sua finalidade não é indicar se uma máquina alcançou inteligência artificial ou consciência;
Nos termos mais simplificados possíveis, o teste de Turing mede se uma máquina pode imitar com sucesso um ser humano. Na verdade, alguns argumentam que o chatbot ELIZA, dos anos 60, foi o primeiro a passar no teste: ele imita um psicólogo e reformula as respostas do “paciente” na forma de perguntas. (Isso, no entanto,também é questionado.)
Turing também estabelece que, para passar no teste, o computador não pode ser identificado como tal por 30% de jurados humanos em até cinco minutos de conversa.

Por que esta vitória é tão controversa?

Primeiro, o teste de Turing impõe um limite muito baixo para se passar: só 30% dos testadores precisam ser enganados.
Ele também não é um teste de inteligência de computador, e sim da credulidade humana. Quer dizer, um chatbot ruim pode passar no teste se os juízes não estiverem familiarizados com os sinais dignos de um chatbot.
Isso geralmente importa pouco quando o painel inclui especialistas no campo da ciência da computação. Neste caso, ele incluía um ator da comédia britânica Red Dwarf e um político da Câmara dos Lordes britânica. Mesmo se eles forem mentes brilhantes, eles não são especificamente treinados nesta área.
Além disso, o Eugene tecnicamente passou no Teste de Turing, mas de uma forma questionável: seus criadores decidiram imitar a forma mais simples possível de conversa reconhecidamente humana - um adolescente para quem o inglês é uma segunda língua. Em outras palavras, o Eugene passou no teste de Turing imitando um ser humano cuja resposta seria confusa até nas melhores circunstâncias.

Então… não devemos nos preocupar?

Aí é que está: mesmo com todas essas ressalvas, esta ainda é uma descoberta absolutamente deslumbrante. O Eugene não é o primeiro chatbot a arranjar um jeito de vencer o teste, mas é o único a ter feito isso em circunstâncias respeitáveis.
E mesmo que os juízes não sejam ganhadores do Prêmio Nobel, a maioria dos seres humanos que seriam enganados por um chatbot também não são gênios ou especialistas. Este é um grande feito, e o entusiasmo é justificável.
A desilusão na verdade vem do próprio Teste de Turing: ele é uma regra útil, porém subjetiva por natureza, e estabelece um limite muito baixo.
 

Fonte: Gizmodo Brasil

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