Cientistas criam chip fotônico quântico multiuso
Esquema do chip fotônico quântico, mostrando o circuito de guias de
onda (branco) e os inversores de fase controlados eletricamente (contatos
metálicos). Os pares de fótons tornam-se entrelaçados ao passarem através do
circuito.
Ação fantasmagórica
Pesquisadores construíram um pequeno chip fotônico que é capaz de gerar,
manipular e medir o estranho fenômeno do entrelaçamento quântico.
O entrelaçamento é o fenômeno físico que fundamenta o funcionamento dos computadores
quânticos, e ocorre quando duas partículas interagem uma com a outra de tal
forma que seus estados quânticos se tornam interdependentes - qualquer que seja
a distância que as separe após o entrelaçamento.
A rigor, não existe uma forma de observar o próprio entrelaçamento - tão logo
os cientistas tentam medir uma das partículas, ambas "colapsam" para o mesmo
estado, naquilo que Einstein chamou de "ação fantasmagórica à distância".
Mas o novo chip fotônico pode começar a lançar algumas luzes sobre esse
estranho fenômeno e, por decorrência, acelerar o desenvolvimento dos
computadores quânticos.
Chip quântico
"Para construirmos um computador quântico, nós precisamos não apenas
controlar fenômenos complexos, como o entrelaçamento e a mistura quântica, mas
precisamos fazer isto em um chip," afirmou o professor Professor Jeremy O'Brien,
da Universidade de Bristol, na Inglaterra.
E por que em um chip? Porque assim será possível construir múltiplos
circuitos quânticos que possam funcionar de forma encadeada, de maneira similar
aos circuitos lógicos construídos no interior dos processadores eletrônicos
tradicionais
O chip fotônico (conectado à fiação) montado sobre uma base, necessária para
garantir o alinhamento preciso das fibras ópticas que trazem os fótons
individuais para seu interior.
"Nosso chip faz isto, e nós acreditamos que ele representa um passo crucial
rumo à computação óptica quântica," afirma o pesquisador.
Entrelaçamento em um chip
O chip fotônico consiste em uma rede de minúsculos canais que guiam e
manipulam fótons individuais, fazendo-os interagir uns com os outros de forma
controlada.
Usando oito eletrodos - as "pernas" do chip - é possível manipular e
entrelaçar pares de fótons, produzindo qualquer estado entrelaçado de dois
fótons ou qualquer estado misto de um fóton.
Isto torna o chip capaz de executar múltiplas tarefas, de forma totalmente
reconfigurável, por meio de eletrodos, sem que cada experimento exija um
complicado arranjo de laboratório, como ocorria até agora.
"Poder gerar, manipular e medir o entrelaçamento dentro de um chip é um feito
maravilhoso. Isto não apenas representa um passo fundamental rumo a muitas
tecnologias quânticas, como também vai nos dar oportunidade para explorar e
fazer experimentos com alguns dos fenômenos quânticos mais estranhos, que
continuam a dar nós em nossos cérebros," afirmou o Dr. Terry Rudolph, do
Imperial College


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