Extinção de elefante fez surgir homem moderno no Oriente Médio, diz estudo
Arqueólogos da Universidade de Tel Aviv acabam de publicar um estudo que
sugere que o Homo sapiens surgiu na região chamada de Levante, no
Oriente Médio, 400 mil anos atrás, em decorrência do desaparecimento dos
elefantes, que constituíam a principal fonte de alimentação para o Homo
erectus.
Segundo o arqueólogo Ran Barkai, da Universidade de Tel Aviv, foi o
desaparecimento dos elefantes da região geográfica do Levante -- onde hoje se
encontram Síria, Líbano, Jordânia, Israel e os territórios palestinos -- que
levou à evolução do Homo erectus ao Homo sapiens.
O Homo sapiens (homem sábio, em latim), tem um cérebro muito mais
desenvolvido do que seu antecessor, o Homo erectus (homem ereto).
"Quando os elefantes desapareceram, o Homo erectus foi obrigado a
buscar outros alimentos e teve que desenvolver uma agilidade mental e
instrumentos que não tinha antes", disse Barkai à BBC Brasil.
Arqueólogo na caverna Qesem (Foto: Qesem Cave
Project/BBC)
A equipe do departamento de Arqueologia da Universidade de Tel Aviv tem feito
escavações desde 2000 na caverna Qesem, em Israel, perto da cidade de Rosh
Haain.
Em 2010, a equipe anunciou ter encontrado sinais de que na região da caverna
Qesem o Homo sapiens já existia há 400 mil anos.
A descoberta pode representar uma mudança na teoria mais amplamente aceita de
que o Homo sapiens surgiu 200 mil anos atrás, na África.
'Chave do enigma'
"Desde a descoberta, há um ano, fizemos um trabalho de integração de todos os dados e chegamos à conclusão que a nutrição é a chave do enigma", disse Barkai.
"Desde a descoberta, há um ano, fizemos um trabalho de integração de todos os dados e chegamos à conclusão que a nutrição é a chave do enigma", disse Barkai.
O arqueólogo afirma que nessa área geográfica os elefantes desapareceram há
400 mil anos, levando o Homo erectus a se desenvolver muito mais
rapidamente. Já na África, o mesmo processo se deu 200 mil anos depois.
A equipe realizou um trabalho de integração das descobertas -- tanto de
instrumentos como de restos de humanos e animais encontrados nas diversas
escavações -- e chegou à conclusão de que instrumentos sofisticados, como
pequenas facas fabricadas de maneira "sistemática", foram descobertos em camadas
nas quais já não havia elefantes.
No mesmo local foram encontrados dentes humanos.
Barkai explicou que o Homo erectus usava instrumentos maiores e
menos sofisticados para caçar e repartir a carne dos elefantes.
"O Homo erectus comeu elefantes durante 1 milhão de anos.
Instrumentos mais sofisticados e menores são associados ao Homo
sapiens", afirmou.
Nutrição
Os pesquisadores desenvolveram um modelo da nutrição do homem, demonstrando a possível relação entre o desaparecimento dos elefantes -- fonte de nutrição mais fácil de caçar e que garantia uma maior quantidade de alimento -- e a evolução de suas capacidades mentais, até que se transformou no Homo sapiens.
Os pesquisadores desenvolveram um modelo da nutrição do homem, demonstrando a possível relação entre o desaparecimento dos elefantes -- fonte de nutrição mais fácil de caçar e que garantia uma maior quantidade de alimento -- e a evolução de suas capacidades mentais, até que se transformou no Homo sapiens.
A equipe também comparou suas descobertas com pesquisas feitas na África e
constatou que lá também o Homo sapiens teria surgido só após o
desaparecimento dos elefantes, reforçando assim a tese de que a evolução humana
tem ligação direta com a necessidade de buscar novas fontes de alimentos que
eram menores e mais difíceis de se caçar.
Barkai disse à BBC Brasil que desde a publicação do estudo, há três dias, tem
recebido ligações do mundo inteiro, de cientistas interessados nas
descobertas.
"Com esse estudo conseguimos fornecer uma explicação para o aparecimento de
resíduos com a idade de 400 mil anos, do Homo sapiens, na caverna de
Qesem", afirmou.
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