Físicos anunciam ter 'encurralado' a 'partícula de Deus'
Os físicos do Centro Europeu de Pesquisas Nucleares (Cern, na sigla em
francês) "encurralaram" a partícula conhecida como “bóson de Higgs” – apelidada
de “partícula de Deus”, segundo anúncio feito nesta terça-feira (13), em
Genebra, na Suíça. Os pesquisadores ressaltam, no entanto, que não há dados
suficientes para se confirmar que ela foi “descoberta”.
O “bóson de Higgs” é uma partícula hipotética que seria a primeira com massa
a existir após o Big Bang e responsável pela existência de massa em outras
partículas do Universo. Para encontrá-la, os cientistam colidem prótons (que
ficam no núcleo dos átomos) e procuram entre as partículas que surgem desse
impacto.
Dois grupos independentes procuram o Higgs no Grande Colisor de Hádrons, do
Cern, na Europa: o Atlas e o CMS. Eles não têm acesso aos dados um do outro e
apresentaram seus resultados no mesmo simpósio nesta terça.
A conclusão principal é que os cientistas ainda não acharam o Higgs -- mas,
se a partícula existe, eles agora sabem onde procurar.
Antes, é preciso entender uma coisa: os cientistas medem a massa das
partículas como se fosse energia. Isso porque toda massa tem uma equivalência em
energia. Se você calcula uma, tem o valor das duas. A unidade de medida usada é
o gigaelétron-volt, ou "GeV".
Segundo o grupo Atlas, se o Higgs existir, ele tem uma massa entre 116 GeV e
130 GeV. Os dados do CMS mostram uma faixa bem próxima: entre 115 GeV e 127 GeV.
Ou seja: é entre partículas nessa faixa de massa que os cientistas vão
procurar.
Ilustração de uma colisão entre partículas
promovida pelo acelerador LHC. É com experimentos como esse que os cientistas
estudam partículas como o bóson de Higgs (Foto: Cern)O primeiro grupo a falar foi o Atlas, com a italiana Fabíola Gianotti. Segundo ela, os cientistas já excluíram a possibilidade de encontrar o Higgs entre as partículas que têm entre 141 GeV e 476 GeV.
De acordo com a cientista, o grupo conseguiu reduzir a janela de
probabilidade onde a partícula deve estar. Dentro dela, a região onde estão
partículas com 126 GeV de massa parece ter indícios fortes da presença do Higgs
.
Após o Atlas, Guido Tonelli, do CMS, apresentou os dados de sua equipe. Eles
encontraram esses indícios mais fortes do Higgs em uma região um pouco abaixo,
mas muito próxima: entre 123 GeV e 124 GeV de massa.
Segundo os pesquisadores, hoje há cinco vezes mais dados do que no momento da
última conferência, há seis meses.
Modelo Padrão
Os físicos têm uma teoria para explicar as partículas elementares do Universo – aquelas minúsculas que formam tudo que existe. Essa teoria se chama “Modelo Padrão”.
Modelo Padrão
Os físicos têm uma teoria para explicar as partículas elementares do Universo – aquelas minúsculas que formam tudo que existe. Essa teoria se chama “Modelo Padrão”.
O Modelo Padrão explica tudo que sabemos sobre o comportamento e o surgimento
dessas partículas, menos uma coisa: por que elas têm massa? E essa é uma
pergunta muito importante. O fato de as partículas terem massa é a razão pela
qual qualquer coisa no mundo tem massa: o Sol, os planetas, eu e você.
É aí que entra o bóson de Higgs. Diversos físicos – entre eles um britânico
chamado Peter Higgs – descobriram um mecanismo teórico que tornaria possível que
as partículas tivessem massa. Esse mecanismo – batizado de “mecanismo de Higgs”
– prevê a existência de um “campo” que interage com tudo que existe no Universo.
Essa interação faz com que as partículas ganhem massa.
Para esse campo existir, é preciso também existir uma partícula especial e
invisível. Os físicos pegaram essa proposta e aplicaram nos cálculos do Modelo
Padrão e tudo fez sentido. A partícula invisível foi batizada em homenagem a
Higgs.

De lá para cá, todas as outras partículas previstas pelo Modelo Padrão foram
encontradas, menos essa. Encontrá-la é tão importante que os cientistas
construíram na Europa um gigantesco colisor de partículas, conhecido como Grande
Colisor de Hádrons, que é a maior máquina já feita pelo homem.
Se, em vez de encontrá-la, os pesquisadores provarem, no entanto, que ela não
existe, toda a teoria atual sobre a formação da matéria do Universo vai precisar
ser revista.
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