Ainda assim, os olhos de quem lida com o que há de mais avançado em
astronomia brilham ao falar do telescópio de 39,3 metros que o local
deverá abrigar. Nem o orçamento de € 1,2 bilhão (R$ 2,7 bilhões), ainda
não captado totalmente, parece desanimar seus idealizadores.
"O Extremely Large Telescope [E-ELT] vai revolucionar a astronomia.
Poderemos enxergar estágios iniciais da formação do Universo", disse à
Folha Tim de Zeeuw, diretor-geral do ESO (Observatório Europeu do Sul).
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O projeto do TMT (Thirty Meter Telescope) nasceu na Universidade da
Califórnia e em outras instituições privadas dos EUA. A ideia existe
desde 2002, mas só voltou a tomar fôlego há pouco tempo, com a entrada
de dois parceiros: China e Índia.
Astrônomos apostam que o projeto de US$ 1,2 bilhão (R$ 2,1 bi) para
instalar um telescópio de 30 metros no alto do vulcão desativado
Maunakea, no Havaí (EUA), tem tudo para sair do papel.
Órgãos de pesquisa do Japão e do Canadá colaboram com o projeto e, à
medida que a construção avança, há muitas chances de se envolverem mais.
Outros países também já sinalizaram interesse.
Em astronomia, tamanho é documento. Os espelhos gigantes desses novos
telescópios permitirão observar outras galáxias e objetos distantes com
precisão inédita.
"Chegamos a um ponto em que aumentar apenas uma pequena área no espelho
do telescópio leva a um aumento muito representativo da capacidade e da
qualidade das observações", avalia Marcos Perez, astrônomo do IAG
(Instituto de astronomia) da USP.
Já segundo o diretor do ESO, é por essas e outras razões que os telescópios em solo ainda têm seu espaço.
"Os telescópios na Terra e no espaço são complementares. Nos
instrumentos por aqui, nós podemos ir até o aparelho e consertá-lo se
houver algum problema, além de ir modernizando os instrumentos
periodicamente", afirma De Zeeuw.
A rivalidade entre os grupos é evidente, mas eles dizem que a competição é saudável e não descartam trabalhar em conjunto.
ENTRAVES
Apesar da confiança das agências responsáveis, a construção dos megatelescópios esbarra em entraves.
No E-ELT, um dos problemas é a demora do Brasil em enviar ao Congresso a
proposta de ratificação do acordo que torna o país membro do
Observatório Europeu do Sul.
Já a instalação do telescópio no Havaí foi considerada um sacrilégio a
uma região sagrada. Existe um movimento para impedir que o observatório
seja erguido no local escolhido.

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