Paleontólogos canadenses econtraram fósseis de um camelo
gigante que viveu no extremo norte do Canadá há cerca de 3,5 milhões de
anos, no Plioceno Médio, quando havia na região uma floresta boreal
durante um período de aquecimento do planeta.
Os 30 fragmentos de uma tíbia achados na ilha de
Ellesmere, no território autônomo de Nunavut, representam o registro
mais ao norte que se tem dos camelos primitivos, cujos antecessores
surgiram na América do Norte há 45 milhões de anos, afirmaram os
especialistas em um estudo dirigido pelo Museu Canadense de Natureza,
publicado hoje no site da revista especializada Nature Communications. Segundo artigo, a tíbia do animal seria 29% maior que a dos camelos modernos.
"Este é um descobrimento importante porque representa a
primeira evidência de camelos na região do alto Ártico", afirmou uma das
responsáveis pelo estudo, Natalia Rybczynski. Segundo
a cientista, o achado também "sugere que a linhagem da qual pertencem
os camelos modernos originalmente se adaptou para viver em torno de uma
floresta boreal".
Algumas características "dos camelos modernos, como seus
pés largos e planos, seus grandes olhos e suas corcovas de gordura,
podem ser adaptações derivadas da vida em uma região polar", afirmou.
Os fósseis foram encontrados durante os trabalhos de
campo nos verões de 2006, 2008 e 2010 em um pequeno monte em Fyles Leaf
Bed, um depósito de areia próximo do fiorde de Strathcona na ilha de
Ellesmere, onde já foram encontrados fósseis de plantas, mas nunca de um
mamífero.
Anteriormente, em um lugar próximo conhecido como Beaver Pond, foram descobertos fósseis de mamíferos da mesma época. A
confirmação de que os fósseis eram de um camelo foi um desafio, segundo
os cientistas, que recorreram a uma nova técnica denominada "traço de
colágeno", que permite determinar o perfil de colágeno nos ossos.
Os dados anatômicos dos fósseis, junto com a comparação
de seu perfil de colágeno com o de 37 mamíferos atuais e com o do camelo
gigante de Yukon (noroeste do Canadá) - o antecessor dos camelos
modernos - que se encontra no Museu de Natureza Canadense, confirmaram
que os fósseis da ilha de Ellesmere pertencem a um camelo.
Seguramente, o animal era da mesmo gênero Paracamelus que habitou a América do Norte durante milhões de anos, afirmou o estudo.
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