Equipe de astrônomos determinou a localização de mais de 100 galáxias
com formação estelar intensa no Universo primordial utilizando
o utilizou o novo telescópio ALMA
Uma equipe de astrônomos utilizou o novo telescópio ALMA
(Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) para determinar a
localização de mais de 100 galáxias com formação estelar intensa no
Universo primordial. O ALMA é tão potente que, em apenas algumas horas,
fez tantas observações destas galáxias como as que tinham sido feitas
por todos os telescópios semelhantes de todo o mundo ao longo de mais de
uma década.
Os episódios de formação estelar mais intensos no
Universo primordial tiveram lugar em galáxias distantes que continham
uma enorme quantidade de poeira cósmica. Estas galáxias são a chave para
compreender a formação e evolução galática ao longo da história do
Universo, no entanto a poeira as obscurece, o que torna difícil a sua
identificação com telescópios ópticos. Para observá-las, os astrônomos
precisam de telescópios como o ALMA, que observa a radiação a maiores
comprimentos de onda, por volta do milímetro.
“Os astrônomos esperam por dados como estes desde há
mais de uma década. O ALMA é tão potente que revolucionou o modo como
observamos estas galáxias, e isto ainda quando o telescópio não se
encontrava completamente operacional, altura em que foram feitas as
observações”, disse Jacqueline Hodge (Max-Planck-Institut für
Astronomie, Alemanha), autora principal do artigo científico que
descreve estas observações.
Telescópio precisou de apenas dois minutos por
galáxia para localizar cada uma delas em uma região muito pequena, em
termos astronômicos. Na imagem, 6 galáxias observadas pelo ALMA (em
vermelho). As grandes circunferências vermelhas indicam as regiões onde
as galáxias foram detectadas pelo APEX
Usando menos de um quarto da rede final de 66 antenas,
separadas por distâncias de até 125 metros, o ALMA precisou de apenas 2
minutos por galáxia para localizar cada uma delas numa região
pequeníssima, 200 vezes menor que as enormes manchas desfocadas
observadas pelo telescópio Atacama Pathfinder Experiment (APEX), também
operado pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês), e
com três vezes mais sensibilidade. O ALMA é muito mais sensível que os
outros telescópios do seu tipo e, em apenas algumas horas, duplicou o
número total de observações deste gênero já feitas.
A equipe conseguiu não apenas identificar de forma clara
quais as galáxias que apresentavam regiões de formação estelar ativa,
mas também descobriu, em metade dos casos, que várias galáxias com
formação estelar tinham sido misturadas numa única mancha nas
observações anteriores. Os olhos do ALMA conseguiram assim separar as
diferentes galáxias umas das outras.
“Pensávamos anteriormente que as mais brilhantes destas
galáxias estavam formando estrelas mil vezes mais depressa do que a
nossa própria galáxia, a Via Láctea, com o risco de explodirem em
pedaços. As imagens ALMA revelaram galáxias múltiplas menores formando
estrelas a taxas relativamente mais razoáveis”, disse Alexander Karim
(Universidade de Durham, Reino Unido), um membro da equipe e autor
principal dum artigo científico complementar deste trabalho.
Os resultados formam o primeiro catálogo
estatisticamente confiável de galáxias empoeiradas com formação estelar
do Universo primordial e fornecem uma base fundamental para avançar na
investigação sobre as propriedades destas galáxias em diferentes
comprimentos de onda, sem o risco de má interpretação, devido às
galáxias aparecerem juntas, quando na realidade são objetos separados
entre si.
Imagem mostra detalhadamente uma seleção destas
galáxias observadas pelo ALMA (em vermelho). As observações ALMA, nos
comprimentos de onda do submilímetro, encontram-se sobrepostas a uma
imagem infravermelha da região, obtida pela câmara IRAC a bordo do
Telescópio Espacial Spitzer (em azul)
O círculo vermelho assinalado no mapa mostra a posição Extended Chandra Deep Field South, na constelação austral da Fornalha
Nenhum comentário:
Postar um comentário