Um novo material, criado artificialmente por um grupo de
pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar) é destaque da edição desta semana da
revista britânica Scientific Reports - Nature, uma das mais
importantes publicações científicas do mundo. Analisando amostras de
tungstato de prata, por intermédio dos microscópios eletrônico de
varredura de alta resolução e de transmissão, os pesquisadores
brasileiros descobriram o crescimento de prata metálica na superfície
dos cristais de tungstato.
Este fenômeno, inédito na literatura científica, resulta
da interação dos elétrons gerados pelos microscópios com os íons prata,
reduzindo-os para prata metálica. “Este novo material é criado
artificialmente por meio de efeito eletronsíntese, ou seja, através da
interação elétrons (partículas) que bate nos íons de prata (partículas),
que se reduz e obtêm-se o crescimento de prata metálica (partículas).
Vimos a prata metálica crescendo de forma clara, numa sequência curta de
fotos. Quando maior o tempo de duração da interação, maior é o
crescimento da prata metálica, e há condição de ver o fenômeno a olho nu
por intermédio de microscópio de varredura ou de transmissão”, comenta
Elson Longo, um dos autores do artigo.
Fenômeno semelhante já tinha sido reportado na
literatura, mas utilizando diferentes tipos de energia para excitar e
reduzir a prata metálica (temperatura, alto campo elétrico ou
magnético). O novo material, que tem propriedades fotoluminescente,
fotodegradante e bactericida, trará avanços nas áreas de interesse de
cerâmica, propriedades eletrônicas de materiais, estrutura eletrônica e
química coordenada.
“Este novo material apresenta vantagens, por exemplo, em
relação aos métodos atuais nos quais se deposita prata em material para
atividade bactericida. Com esta descoberta, a prata não precisa mais
ser depositada; com a irradiação a propriedade bactericida aumenta sua
eficiência três vezes em comparação ao método atual de deposição”,
explica Longo.
O tratamento com elétrons também melhora a propriedade
fotoluminescente. “Um exemplo é a presença de compósitos prejudiciais ao
ser humano na água, que podem ser fotodegradados com a aplicação deste
novo material”, comenta Longo. Para ele, a publicação mostra a qualidade
e da ciência brasileira e sua valorização internacional. “A publicação
deste artigo numa revista do porte da Scientific Reports - Nature
é motivo de orgulho para nós, pois é raro a revista, de grande impacto
internacional, publicar resultados de pesquisas brasileiras”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário